Um jovem de 20 anos, preso pelo roubo de um celular, surpreendeu autoridades ao fazer um apelo após conseguir a liberdade provisória: ficar no presídio até a hora do jantar para não “passar mal na rua”. O caso foi exposto pelo promotor do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) Luciano Sotero Santiago nas redes sociais: ‘’ele queria continuar preso pra ter garantias básicas ’’.
O promotor revelou, nesta quarta-feira (6), que o jovem foi preso em flagrante depois de usar uma pequena faca para ameaçar uma mulher para que entregasse o celular, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), na madrugada do último sábado (4). Ele foi levado para a delegacia e, em seguida, ao presídio da cidade.
No domingo (5), o promotor manifestou pela liberdade provisória do jovem, que é réu primário e confessou o crime, estabelecendo medidas cautelares. “Ele deve ser monitorado com tornozeleira eletrônica e comparecer ao fórum mensalmente. Além disso, ele está proibido de entrar em contato com a vítima”, explicou.
A audiência de custódia começou por volta das 15h. “Em pouco tempo, percebemos que ele sofria de problemas mentais pela forma que se expressava. Ele disse que tinha ansiedade e ouvia vozes”. Com isso, Luciano solicitou um exame psicológico e pediu o encaminhamento dele para receber tratamento na rede municipal de Santa Luzia. O pedido foi acatado pela juíza.
Mas foi após 20 minutos, desde o início do encontro, que o jovem surpreendeu as autoridades com UM pedido. “Antes de eu ir embora, será que consigo esperar para eu jantar? Meu corpo tá muito fraco, não dormi nada essa noite, vou ter que pegar ônibus para ir embora. Só depois da janta eles me liberarem, para eu não passar mal na rua”, disse o rapaz. O jovem foi liberado após a refeição.
Segundo Luciano, o caso não é isolado e expõe problemas sociais profundos. O caso levantou debate sobre punitivismo, encarceramento em massa e assistência de direitos básicos.
Sabemos o que acontece com pessoas desse perfil ao ingressar no presídio: ou será cooptado por organizações criminosas ou se tornará vítima de violência sexual”, conta. Além disso, mesmo que condenando, o promotor explica que não cabe a pena de prisão em regime fechado ao rapaz pelo tipo de delito.
Por outro lado, questionamentos sobre o amparo à vítima do roubo foram feitos. Luciano é enfático: “Muitos dizem que não olhamos para a vítima e isso não é verdade. Ele não pode se aproximar da vítima . O celular foi recuperado. Nós vamos monitora-lo”, complementou.
‘Meu corpo tá muito fraco’, disse jovem. O caso foi exposto pelo promotor do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) Luciano Sotero Santiago”
Com Itatiaia