Em cerimônia solene presidida pelo representante do Vaticano – o cardeal italiano Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério da Causa dos Santos – a mineira Isabel Cristina Mrad Campos, assassinada há 40 anos, será beatificada em 10 de dezembro, às 10h, em Barbacena, na Região Central de Minas Gerais.
A festa da primeira beatificação na Arquidiocese de Mariana será no Parque de Exposições de Barbacena, com expectativa de público entre 15 mil e 20 mil pessoas, informa o titular da Paróquia Nossa Senhora da Piedade e vigário geral para o clero da Arquidiocese de Mariana, monsenhor Danival Milagres Coelho.
Com a beatificação da Serva de Deus Isabel Cristina, Minas terá seu quarto beato (dois homens e duas mulheres) na Igreja Católica, último passo antes da canonização. Depois de Padre Eustáquio, Nhá Chica e Padre Victor, será a vez da mineira nascida em 1962, em Barbacena. O papa Francisco reconheceu o martírio da jovem assassinada aos 20 anos, quando estudava em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Em 1º de setembro de 1982, um homem tentou violentá-la, mas ela teria lutado até a morte para defender a virgindade, recebendo 15 facadas. O crime interrompeu o desejo da estudante de prestar vestibular para medicina.
“Estamos em clima de grande expectativa para receber milhares de pessoas. Esperamos que a beatificação de Isabel Cristina possa despertar na juventude o desejo de viver na fé. Ela é um exemplo de quem viveu na santidade e para a família, e os jovens precisam fortalecer esses valores”, disse monsenhor Danival, destacando que os pais da jovem assassinada eram da Sociedade São Vicente de Paulo.
Ao se tornar beata com reconhecimento do martírio, e não de um milagre, Isabel Cristina poderá ter sua imagem em altares, templos (santuários, igrejas e capelas) a ela dedicados, e os fiéis podem recorrer a sua intercessão. É o que ocorre com o holandês Beato Padre Eustáquio, que trabalhou durante muitos anos em Minas e morreu em Belo Horizonte, o Beato Padre Victor, que atrai peregrinos a Três Pontas, no Sul do estado, e a Beata Nhá Chica, alvo de romarias em Baependi, na mesma região.
História de Isabel Cristina Mrad Campos
Filha de José Mendes Campos e Helena Mrad Campos, Isabel Cristina Mrad Campos nasceu em 29 de julho de 1962, em Barbacena. Com o desejo de se tornar pediatra e atender crianças carentes, foi para Juiz de Fora, em 1982, a fim de se preparar em um curso pré-vestibular e ingressar na faculdade de medicina. Conforme a Arquidiocese de Mariana, ela era um jovem que estudava, namorava e participava de festas, embora com uma vida de oração e sensível aos pobres, idosos e crianças.
Em 1º de setembro de 1982, um homem foi montar um guarda-roupa no pequeno apartamento para onde Isabel Cristina se mudara com o irmão, Paulo Roberto, e tentou violentá-la. Encontrando resistência, deu-lhe uma cadeirada na cabeça, a amarrou, amordaçou e rasgou suas roupas. Como ela continuou a resistir, foi morta com 15 facadas.
Devido à maneira como a jovem viveu, e como tragicamente morreu, algumas pessoas tiveram a iniciativa de entrar com o pedido de beatificação. A solicitação foi aceita pelo Vaticano e, em 26 de janeiro de 2001, em Barbacena, foi instalado o processo, quando Isabel Cristina recebeu do Vaticano o título de Serva de Deus. Na sequência, foram oito anos de trabalho, entre coleta de depoimentos e documentos junto à digitação e tradução para o italiano, com a fase diocesana do processo concluída em 2009. O martírio foi reconhecido pelo papa Francisco, via decreto, em outubro de 2020.
Com Estado de Minas