Pelo segundo ano consecutivo, a iguaria foi reconhecida como um dos destaques do guia gastronômico Taste Atlas, competindo com queijos renomados como o italiano mozzarella e o suíço gruyère.
Pela segunda vez seguida, o Queijo Minas Artesanal (QMA) produzido na região da Serra da Canastra se classificou entre os 50 melhores do mundo no ranking do site colaborativo americano Taste Atlas, onde usuários contribuem com comentários, imagens e notas para construir o conteúdo. Em 2022, o QMA da Canastra chegou a liderar a lista, e agora, em sua última edição, alcançou o 12º lugar, superando queijos renomados internacionalmente, como o italiano mozzarella e o suíço gruyère.
Atualmente, os queijos que podem ser comercializados como QMA da Canastra são aqueles produzidos em oito municípios: Bambuí, Delfinópolis, Medeiros, Piumhi, São João Batista do Glória, São Roque de Minas, Tapiraí e Vargem Bonita, que seguem as normas estabelecidas pela Indicação Geográfica. Essas localidades são reconhecidas como produtoras do QMA com base em estudos e pesquisas históricas realizadas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), que levaram à publicação da portaria mais recente em 2022 pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
Segundo o diretor de Agroindústria e Cooperativismo da Seapa, Ranier Chaves Figueiredo, a valorização do Queijo Minas Artesanal é motivo de comemoração para todos os mineiros. Ele ressalta que o queijo tem um valor inestimável como patrimônio cultural do estado, e a evolução recente do produto tem sido fantástica, conquistando cada vez mais consumidores e mercados. “A presença do Queijo Minas Artesanal em destaque no ranking do Taste Atlas pelo segundo ano consecutivo é motivo de muito orgulho para todos nós”, disse Figueiredo.
O Sistema Estadual da Agricultura tem apoiado o fortalecimento da cadeia produtiva de queijos em Minas Gerais, através da assistência técnica prestada pela Emater-MG, da defesa sanitária executada pelo IMA e das pesquisas científicas realizadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
Maturação do Queijo Minas Artesanal da Serra da Canastra
O tempo de maturação do Queijo Minas Artesanal é um dos fatores que contribuem para sua qualidade e sabor únicos. De acordo com o Taste Atlas, em 2023, o Canastra é tradicionalmente maturado por 21 dias, mas alguns produtores optam por deixá-lo maturar por até 40 dias. O site destaca que o queijo é feito a partir de leite cru, coalho e pingo, com prensagem manual e sem aquecimento da massa.
Segundo o diretor de Agroindústria e Cooperativismo da Seapa, o tempo de maturação mais prolongado confere complexidade sensorial ao produto, além de torná-lo mais seguro para consumo. “Esse incrível fenômeno físico-químico e microbiológico, que é a maturação, promove um alimento mais seguro, saudável e também mais saboroso, uma vez que são liberados compostos aromáticos que transformam o sabor dos queijos”, explicou Figueiredo.
Produção artesanal de queijo premiado
Na Serra da Canastra, são contadas muitas histórias de amor e dedicação à produção do queijo de renome que leva o nome da região. Há quase duas décadas, a produção familiar do “Queijo do Miguel”, várias vezes premiado dentro e fora do país, é realizada em São Roque de Minas, na Serra da Canastra. As delícias produzidas na mesma fazenda de origem são rotuladas com etiquetas de caseína para evitar fraudes e distribuídas em todo o Brasil por mais de 70 revendedores parceiros.
Miguel Marcélio de Faria produz queijos com diferentes períodos de maturação, alguns ainda mais longos do que os apresentados neste ano pela plataforma colaborativa. “Fazemos o Merendeiro, o Canastra Real e o Tradicional. A única diferença é o tempo de maturação. Eles são todos feitos com a mesma massa e tipo de leite, tudo de leite cru”, afirmou o produtor.
Os produtos de maior volume geralmente requerem mais tempo de maturação. “O Queijo Canastra Real pesa de 5kg a 7kg. O Merendeiro pesa cerca de 400g. O Tradicional pesa 1kg, 1,1kg depois de amadurecido. Devido ao seu tamanho maior, o Canastra Real amadurece mais lentamente, levando no mínimo seis meses. Assim, seu sabor se torna mais distintivo. Este foi o nosso premiado na França, o extra-maturado, pois eles preferem um queijo mais forte”, relatou Miguel.
Avanços na produção de queijos artesanais em Minas Gerais
Desde 2019, três novas regiões em Minas Gerais foram caracterizadas como produtoras de Queijo Minas Artesanal (QMA): Serras de Ibitipoca, Diamantina e Entre Serras da Piedade ao Caraça. Além disso, outras três regiões foram reconhecidas como produtoras de outros tipos de queijos artesanais: Alagoa, Mantiqueira e Jequitinhonha. Atualmente, 15 regiões são identificadas como produtoras dos diversos tipos de queijos artesanais mineiros.
Em dezembro de 2022, o setor celebrou a conquista inédita do reconhecimento do Queijo Minas Artesanal na variedade de Casca Florida (QMACF). A Resolução nº 42, publicada no Diário Oficial do Estado, define como “casca florida” a cobertura com presença ou dominância visualmente constatada de fungos filamentosos, popularmente conhecidos como mofos ou bolores.
O próximo passo, após a resolução, é a regulamentação das normas aplicadas à produção e à comercialização deste tipo de queijo pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). A publicação do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do QMACF permitirá em breve a habilitação sanitária deste queijo.
Outra ação importante realizada em 2022 foi o lançamento do Projeto Queijo Minas Legal, que prevê um investimento de R$ 2,8 milhões por meio de parceria com o Fundo Estadual de Defesa e Proteção do Consumidor do Ministério Público de Minas Gerais. Com a iniciativa, estima-se que cerca de 200 novas queijarias, localizadas em aproximadamente 160 municípios, obterão a habilitação sanitária necessária para produzir e comercializar seus queijos.
Brasileiros
Na lista da plataforma americana, há mais dois queijos brasileiros entre os cem melhores do mundo. O Queijo de Coalho, produzido no Nordeste do país, está em 40º lugar, enquanto o queijo Minas Artesanal não maturado ocupa a 94ª posição. Embora popular entre os consumidores, este último produto ainda aguarda regulamentação, já que o tempo mínimo legal de maturação é atualmente de 14 dias.
Da redação
Fonte: Agência Minas Gerais