Nesta semana, começaram os primeiros pingos de chuva no extremo norte, depois de seis meses. Nos últimos 23 meses, foram praticamente 15 de seca ou de chuvas bem abaixo da média histórica. De março a novembro de 2007, praticamente não choveu na região.
“ Foram dois anos muito ruins que levaram a uma situação de seca gravíssima. Deve chover bastante nos próximos dias, mas não será suficiente para recuperar as perdas”, afirmou à Agência Brasil o climatologista Ruibran dos Reis, do Instituto MGTempo- Cemig/PUC-Minas, um dos maiores especialistas em regime de chuvas no estado.
Os números do instituto mostram, por exemplo, que em dezembro de 2007, quando se esperava 180 milímetros de chuva no norte de Minas, o índice registrado não chegou a 90. Em janeiro de 2008 choveu 86 milímetros, bem abaixo da média histórica de 140. Neste mês, até agora, choveu 5 milímetros ante uma média esperada de 120. Entre os municípios mais afetados estão Pai Pedro e Catuti (com baixos Índices de Desenvolvimento Humano), e Espinosa, localizados na direção da divisa com o sertão da Bahia.
O especialista acredita que a minimização dos efeitos negativos da seca prolongada passa, sobretudo, por uma mudança cultural de toda a sociedade. Um média pluviométrica anual de 500 milímetros não é algo muito diferente do que se registra em países europeus.
Relatório agroclimatológico divulgado no final de outubro pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Minas Gerais apontou a perda de 197.725 cabeças de gado no norte de Minas ( 49.283 cabeças morreram e 148.442 foram vendidas por falta de pastagens). O documento revelou ainda a queda de 50% na produção de leite e carne. Cerca de 1.900 poços estavam sem água e 50% das barragens secaram. O fato é que os prejuízos e a falta de água potável em localidades motivaram uma reação dos órgãos públicos.
Hoje, o governador em exercício, Antonio Anastasia, está em Montes Claros – que tem status de capital do norte de Minas – para anunciar, em reunião com prefeitos da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), medidas para melhorar o enfrentamento da seca no semi-árido. O plano que o governo pretende colocar em prática inclui ações de saneamento, abastecimento de água, construção de barramentos, melhoria da qualidade da água e abertura de linhas de crédito a produtores rurais.
AGÊNCIA BRASIL