O motorista do ônibus que capotou com torcedores do Corinthians Paulista na Fernão Dias, no último domingo (20), e deixou sete mortos, pode ser indiciado por homicídio culposo e lesão corporal culposa por cada vítima que estava no veículo, conforme informou o delegado Helton Cota, do Departamenento Estadual de Crimes de Transito durante coletiva nesta quinta-feira (24).
Até o momento as investigações confirmaram que, por volta 2h50, o motorista gritou que estava sem freio e logo em seguida atingiu o barranco. Segundo o delegado Helton Cota, do Departamento Estadual de Investigação de Crimes de Trânsito (Deictran), a perícia constatou defeitos no freio do ônibus e que não havia marcas de frenagem na pista, e que ao assumir a coordenação e condução da viagem, ele assumiu a condição de colocar vidas em risco.
“Havia várias irregularidades, como a ausencia de autorização da ANTT para transporte interestadual de passageiros, pneu com desgaste em excesso, e alguns bancos sem cintos de segurança. Nós apuramos que ele (o motorista) gritou que havia perdido os freis e bateu contra o barranco. A perícia realizada no local encontrou problemas no sistema de freios e sinalizou a ausência de sinal de frenagem, indicando que a colisão foi em alta velocidade, sem redução de velocidade”, explicou o delegado.
O delegado confirmou que o motorista é o dono da empresa contratada para fazer a viagem, a CFV Martins Transportes – ME. Ele também cometeu uma infração que suspende a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e não deveria estar dirigindo. Sete pessoas morreram no acidente.
Em novembro de 2021, o motorista de 39 anos se recusou a fazer um teste do bafômetro, mas não teve a habilitação suspensa porque o Detran de São Paulo não emitiu a portaria, obrigatória para a suspensão da CNH. A recusa ao teste de bafômetro é infração que acarreta na suspensão automática do documento. A suspensão ainda está no prazo e pode ocorrer até 2024.
Além disso, o veículo estava irregular, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). De acordo com o órgão, o veículo não tinha registro nem autorização para realizar o transporte interestadual de passageiros.
O tacógrafo – também chamado de “caixa-preta” – do ônibus estava vencido há três anos no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o que deve comprometer a perícia do acidente.
O motorista está internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Público Regional de Betim, na Grande BH. De acordo com o hospital, o estado de saúde dele é considerado “delicado”, mas tem respondido bem ao tratamento médico.
Duas vítimas também seguem internadas no hospital de Betim e outras duas no Hospital João XXIII, em BH.
Com Hoje em Dia