A mais recente edição da “Lista Suja” do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego na quinta-feira (5), revelou um número sem precedentes de empregadores que submeteram trabalhadores a condições semelhantes à escravidão. Essa lista, publicada semestralmente desde 2003, incluiu um total de 204 novos empregadores, a maior inclusão já registrada em sua história, de acordo com o MTE.
Dentre os 204 novos empregadores listados, a maioria está no setor de produção de carvão vegetal (23), seguido por criação bovina (22), serviços domésticos (19), cultivo de café (12) e extração e britamento de pedras (11). Em relação às unidades da federação, Minas Gerais lidera com 37 novos casos, seguido por São Paulo (32), Pará (17), Bahia (14), Piauí (14) e Maranhão (13).
A “Lista Suja” revela que esses 473 empregadores submeteram um total de 3.773 trabalhadores a condições de trabalho análogas à escravidão. Por outro lado, a Inspeção do Trabalho no Brasil conseguiu resgatar mais de 61 mil pessoas em condições semelhantes desde 1995, de acordo com o site do ministério.
A discrepância entre os números se explica pelo fato de que para um empregador entrar na “Lista Suja”, é necessário que todos os recursos administrativos contra as infrações encontradas pelos fiscais, que evidenciam condições de trabalho semelhantes à escravidão, sejam exauridos.
A vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Lydiane Machado e Silva, explicou que o aumento da pobreza nos últimos anos, agravado pela pandemia, juntamente com o apoio governamental à fiscalização contra o trabalho escravo, são fatores que contribuíram para esse recorde no número de novos empregadores. Segundo ela, a vulnerabilidade econômica das pessoas tornou-as alvos mais fáceis para aqueles que as cooptam para trabalhos precários que não respeitam as leis brasileiras.
Condições de trabalho precárias, frequentemente caracterizadas por alojamentos inadequados, falta de banheiros e armazenamento inadequado de alimentos, são comuns nesses casos. Além disso, houve um aumento nos resgates de mulheres submetidas a condições semelhantes à escravidão no trabalho doméstico.
A procuradora Lydiane também destacou a inclusão de empresas de grande renome na “Lista Suja”, ressaltando a importância de essas empresas verificarem toda a sua cadeia produtiva e garantirem que não haja trabalhadores em condições de trabalho degradantes.
Da redação com Agência Brasil