As abelhas, seres pequenos e aparentemente insignificantes, desempenham um papel crucial para a sobrevivência da agricultura e, por conseguinte, da humanidade. Vistos apenas como produtores de mel por muitos, esses insetos desempenham um papel essencial na polinização de plantas, um processo fundamental para a produção de alimentos. No entanto, o futuro dessas polinizadoras naturais está ameaçado devido a fatores como mudanças climáticas, aquecimento global e o uso indiscriminado de produtos químicos na agricultura.
A coordenadora estadual de Pequenos Animais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Márcia Portugal, alerta sobre as consequências devastadoras da redução drástica na população de abelhas. Ela adverte que a extinção desses insetos teria impactos catastróficos na produção de alimentos em escala global. Já se observam decréscimos na produção agrícola em algumas culturas devido à diminuição das populações de abelhas.
Márcia Portugal lembra uma famosa citação frequentemente atribuída ao físico alemão Albert Einstein, que enfatiza as consequências da extinção das abelhas: “Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.”
A especialista da Emater-MG destaca que a extinção das abelhas resultaria em uma crise alimentar global, afetando tanto a quantidade quanto a qualidade dos alimentos disponíveis. Ela lista uma ampla gama de culturas agrícolas que dependem da polinização natural para prosperar, incluindo abacate, abóbora, acerola, ameixa, amêndoa, baunilha, carambola e muitas outras.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), as abelhas desempenham um papel imprescindível na segurança alimentar, uma vez que aproximadamente 85% das plantas com flores dependem da polinização. Mais de 75% das plantações de alimentos do mundo dependem da polinização natural, abrangendo 35% da terra agricultável do planeta.
As culturas agrícolas podem ser classificadas em três grupos: dependentes da polinização, beneficiadas pela polinização e não dependentes da polinização. No primeiro grupo, as perdas na produção poderiam atingir níveis catastróficos na ausência das abelhas. No segundo grupo, as perdas seriam significativas, enquanto no terceiro grupo, as perdas seriam menores, mas ainda assim afetariam a produção de alimentos essenciais.
Márcia Portugal enfatiza a importância de preservar não apenas a espécie Apis mellifera, mais conhecida como abelha produtora de mel, mas também as abelhas indígenas sem ferrão e as abelhas solitárias, além de outros polinizadores naturais, como pássaros e morcegos.
Entre as principais ameaças às abelhas e aos polinizadores naturais estão as mudanças climáticas, o desmatamento e o uso indiscriminado de inseticidas nas lavouras. Essas práticas destrutivas reduzem os habitats naturais e envenenam as populações de abelhas. Em um exemplo alarmante, mais de 800 mil abelhas foram encontradas mortas em uma única propriedade em São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas Gerais, em setembro de 2022. Análises revelaram a presença de agrotóxicos, como glifosato, permetrina e propanil, utilizados no controle de pragas na agricultura.
No entanto, é possível conciliar a necessidade de controle de pragas com a sobrevivência das abelhas. Márcia Portugal sugere práticas como a comunicação entre agricultores e apicultores para evitar a exposição das abelhas a inseticidas, bem como a consideração das condições climáticas ao aplicar produtos químicos. Essas medidas visam preservar a sobrevivência das abelhas e garantir a produção de alimentos de qualidade.
Da redação
Fonte: Agência Minas