Na noite desta quarta-feira (18), a equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) celebrou uma conquista significativa ao receber a premiação de 500 mil euros, o equivalente a cerca de R$ 2,6 milhões, na segunda edição do Prêmio Euro Inovação na Saúde. A cerimônia de entrega desse prestigioso prêmio aconteceu em São Paulo e foi promovida pela renomada multinacional farmacêutica Eurofarma, com operações em mais de 20 países.
A Calixcoca, uma vacina inovadora, foi o foco dessa premiação, sendo a escolha dos médicos de 17 países como a iniciativa mais votada. Essa vacina superou outras 11 propostas igualmente inovadoras no campo da saúde desenvolvidas na América Latina, incluindo a SpiN-Tec, uma vacina contra a COVID-19.
A pesquisa e desenvolvimento da vacina Calixcoca tiveram início em 2015 e representam um marco no combate à dependência química. Essa promissora vacina surge como uma alternativa mais eficaz em comparação às opções já aprovadas pelas agências regulatórias, especialmente no tratamento da dependência de substâncias como crack e cocaína, além de prevenir as graves consequências obstétricas e fetais da exposição a essas drogas durante a gravidez, conforme demonstrado em experimentos com animais.
Em uma entrevista recente concedida ao Portal UFMG, Frederico Garcia, um dos principais pesquisadores envolvidos no projeto, destacou os resultados obtidos até o momento nos testes da Calixcoca, porém, enfatizou que a vacina não pode ser vista como uma solução universal. Ele alertou que a administração da vacina requer uma avaliação científica cuidadosa para determinar com precisão a quem ela seria eficaz, e que não seria apropriado prescrevê-la indiscriminadamente a todos com transtorno por uso de cocaína.
O projeto da vacina Calixcoca conta com a colaboração de diversos profissionais, incluindo o professor Ângelo de Fátima do Departamento de Química da UFMG, juntamente com os professores Maila de Castro, Gisele Goulart, Paulo Sérgio de Almeida, Raissa Pereira, Sordaini Caligiorne, Brian Sabato, Bruna Assis, Larissa do Espírito Santo, Karine Reis, todos associados ao Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (NAVeS).
Até o momento, o financiamento para a pesquisa e desenvolvimento da Calixcoca é proveniente dos governos federal e de Minas Gerais, juntamente com recursos provenientes de emendas parlamentares. A continuidade do projeto depende de investimentos adicionais. Em julho, o secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, anunciou um aporte de R$ 10 milhões no projeto durante uma visita da ministra Nísia Trindade à UFMG.
A Calixcoca é fruto dos estudos com uma molécula inovadora desenvolvida pelo professor Ângelo de Fátima, do Departamento de Química da UFMG. Essa molécula demonstrou a capacidade de “imunizar” animais contra os efeitos das drogas, tornando-os insensíveis a seus efeitos. Essa vacina representa uma esperança real no tratamento da dependência, uma vez que reduz o estímulo para continuar o uso de drogas.
Além de oferecer uma alternativa crucial no tratamento da dependência química, a Calixcoca também se destaca por sua capacidade de proteger bebês em desenvolvimento cujas mães são dependentes de cocaína ou crack durante a gravidez, evitando o desenvolvimento de transtornos mentais decorrentes da exposição a essas substâncias. A pesquisa da UFMG tem potencial para revolucionar o campo da saúde e fornecer uma nova abordagem para abordar problemas complexos relacionados à dependência e suas consequências.
Da redação
Fonte: Itatiaia