A Agência Nacional de Mineração (ANM) interditou três barragens da Vale em Mariana na última sexta-feira (10), devido a problemas estruturais que representam risco iminente, conforme classificado nos documentos da agência. As barragens afetadas são a Pilhas de Estéril (PDE) Permanente I, Permanente II e União Vertente Santa Rita, localizadas na Mina da Fábrica Nova.
A decisão levou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) a abrir um inquérito para investigar a situação. A ANM identificou falhas na estabilidade física e nos sistemas de drenagem das estruturas, alertando para a possibilidade de incidentes semelhantes ao ocorrido no dique da Mina Pau Branco, em Nova Lima, em janeiro de 2022, quando houve transbordamento e dispersão de material pela BR-040.
A estimativa é que 295 pessoas vivam na zona de autossalvamento (ZAS), área que poderia ser impactada em caso de acidente ou rompimento das barragens. Essa população reside no distrito de Santa Rita Durão.
Nesta segunda-feira (13), a Defesa Civil de Mariana, juntamente com a Defesa Civil Estadual, o MPMG, a ANM e a Fundação de Meio Ambiente de Minas Gerais realizarão uma fiscalização conjunta das estruturas. A decisão sobre a evacuação dos moradores será tomada após essa vistoria, embora até o momento todos permaneçam em suas residências.
O laudo que fundamentou a interdição foi elaborado por uma empresa terceirizada em 2020 e protocolado em setembro deste ano. As autoridades verificarão se a situação da estrutura se mantém inalterada. Para retomar as atividades, a Vale precisará apresentar um laudo de estabilidade aos órgãos fiscalizadores.
Em comunicado, a Vale confirmou a interdição e afirmou que acompanhará as vistorias agendadas para esta segunda-feira, ressaltando que suas estruturas geotécnicas são regularmente inspecionadas pela agência reguladora e monitoradas permanentemente por equipe técnica especializada.
Segundo relatos, o problema já era conhecido há três anos, conforme relatório de 2020 encomendado pela própria Vale. O coronel Carlos Frederico Otoni Garcia, coordenador estadual da Defesa Civil, alertou que, em caso de rompimento, os moradores de Santa Rita Durão teriam apenas 30 minutos para evacuar. Durante uma reunião, discutiu-se a necessidade de verificar equipamentos de autoproteção, rotas e sinalizações, e avaliar a possível colocação da barragem em nível de emergência.
Da redação
Fonte: G1 e O Tempo