Um estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) tem como foco crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. A pesquisa, intitulada “Alfabetização em Rede: processos, práticas e desafios diante da pandemia e do Plano Nacional de Alfabetização (PNA)”, é coordenada por Geisa Magela Veloso, pesquisadora da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
O estudo visa analisar conhecimentos e práticas adotados por professores e crianças da educação infantil e do ciclo de alfabetização, durante e após a pandemia da COVID-19, no contexto da implementação do PNA, que atualmente foi revogado.
Em meio às dificuldades geradas pela pandemia, os desafios da aplicação do PNA ficaram em segundo plano, destacando-se a urgência da alfabetização das crianças devido ao isolamento e à falta de contato com o ambiente escolar, afetando o aprendizado.
Para isso, a equipe liderada pela pesquisadora, composta por professores da Unimontes, mestrandos e graduandos de Pedagogia, realiza visitas semanais a uma escola na periferia de Montes Claros, no Norte de Minas. Essa escola atende crianças em nove turmas do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.
O trabalho com as crianças abrange atividades de leitura literária, explorando atividades antes e durante a leitura para inseri-las no mundo da cultura escrita. Além disso, são realizados jogos de alfabetização, buscando a ampliação de vocabulário, referências culturais e compreensão textual.
A coordenadora, Geisa, destaca que o trabalho vai além da leitura da obra, explorando a história do autor e o idioma original do livro, permitindo aos alunos enxergarem além de suas realidades e compreenderem possibilidades, percebendo um vasto universo à sua frente.
Ela ressalta ainda que a alfabetização não pode se resumir à decodificação, sendo necessário que o indivíduo possa ler e compreender o que lê, utilizando a escrita para se comunicar, já que a língua é um sistema em constante transformação.
A parceria entre escola e família é enfatizada como essencial, pois a educação é de corresponsabilidade entre Estado e família, conforme estipulado pela Constituição brasileira. Geisa destaca a importância de ouvir e envolver a família nos processos educacionais, promovendo o valor da educação para as crianças.
Analfabetismo no Brasil
De acordo com dados do último Censo apontam uma queda na taxa de analfabetismo de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022. O Nordeste registrou a maior taxa (11,7%) e o Sudeste a menor (2,9%). No grupo de idosos (60 anos ou mais), a diferença entre as taxas era ainda maior: 32,5% no Nordeste e 8,8% no Sudeste.
No contexto mineiro, a Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) implementou o Plano de Recomposição de Aprendizagens (PRA) para reduzir a defasagem educacional, focando em estratégias de ensino alinhadas à Base Nacional Comum Curricular e ao Currículo Referência do estado.
O PRA oferece acompanhamento e monitoramento individualizado dos estudantes para mitigar as defasagens causadas pela pandemia. Além disso, prevê a continuidade do Currículo Referência, com intervenções práticas e orientações dos professores nas escolas.
Adicionalmente, a SEE/MG está realizando a Avaliação da Fluência em Leitura de Minas Gerais 2023 em todas as escolas da rede estadual e municipais. Esta avaliação analisa o nível de leitura dos alunos do 2º ano do ensino fundamental com base na BNCC, visando garantir o direito fundamental de aprender a ler e escrever.
Da Redação com Agência Minas