A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) concluiu mais uma etapa do Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D 671), focado na análise da produção simultânea de alimentos e energia elétrica. O projeto envolve a instalação e o acompanhamento de unidades-piloto com cultivos agrícolas sob painéis solares fotovoltaicos.
Em colaboração com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), sediado em Campinas (SP), a equipe de pesquisadores definiu as culturas que serão estudadas. Melão, morango, feijão e alface serão cultivados no Campo Experimental Mocambinho, em Jaíba, no Norte de Minas, enquanto pastagens para bovinos serão analisadas no Campo Experimental Santa Rita, em Prudente de Morais, região Central do estado.
Esse projeto, aprovado em agosto de 2023, terá duração de 30 meses e contempla avaliações agronômicas abrangentes. Serão examinados aspectos como produtividade, ciclo de cultivo, incidência de pragas e doenças, uso eficiente de água e qualidade dos alimentos produzidos.
Quatro módulos, cada um com áreas produtivas de aproximadamente 300 a 400 metros quadrados, serão destinados a cada cultura. Diferentes tipos de placas fotovoltaicas serão testados em dois sistemas: fixo e tracker, este último composto por placas móveis que seguem o movimento solar ao longo do dia.
Polyanna Mara de Oliveira, pesquisadora da Epamig e coordenadora do projeto, destaca a escolha das culturas devido aos ciclos de produção ágeis e sua representatividade nas regiões de estudo. Ela enfatiza a comparação entre os índices de produção das áreas com e sem placas fotovoltaicas para avaliar os resultados dessa prática inovadora.
A próxima etapa inclui a aquisição de placas fotovoltaicas, sementes, adubos e demais materiais para instalar e dar início aos sistemas de produção. Polyanna adianta que os cálculos estruturais estão em fase final e prevê a conclusão desta etapa até janeiro de 2024, permitindo que os experimentos estejam montados no campo por volta de maio do mesmo ano.
Além disso, a Epamig recebe consultoria da Fraunhofer-Gesellschaft, instituição alemã de pesquisas aplicadas, e financia-se por meio de um segundo projeto aprovado junto à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do estado (Fapemig).
Energia sustentável e rentável
Minas Gerais tem uma grande potência instalada para a geração de energia fotovoltaica no país, o que torna o estado um local ideal para a condução de experimentos voltados para a produção simultânea de alimentos e energia elétrica.
“Estamos entrando em um mundo novo relacionado à produção de energia e é muito gratificante para a Epamig estar envolvida em um projeto como este, que vai trazer soluções diversificadas para os produtores rurais”, comenta o diretor de Operações Técnicas da empresa, Trazilbo de Paula.
“Além de evitar a desertificação de áreas cultiváveis, acreditamos que os resultados vão oferecer a possibilidade de implantação de culturas que estejam sofrendo com o aumento gradativo da temperatura global, pois as placas fotovoltaicas diminuem a temperatura nos sistemas e geram uma maior retenção da água no solo”, completa.
O projeto também prevê análises energéticas, para que a equipe compreenda como o potencial de produção de energia é afetado pelo microclima gerado pela evapotranspiração das culturas. Além disso, serão feitos estudos sobre a viabilidade econômica da instalação de sistemas agrivoltaicos em propriedades rurais.
“A ideia do projeto de pesquisa, desenvolvimento e inovação do Sistema de Produção Integrada de Energia Elétrica Fotovoltaica e Alimentos (Agrivoltaico), é desenvolver um modelo economicamente viável para que o produtor tenha uma alternativa de geração de renda em sua propriedade”, diz Polyanna de Oliveira.
“É um projeto com grande impacto ambiental e social, pois ele vai criar protocolos para que o produtor não precise trocar a atividade agrícola pela produção de energia fotovoltaica, podendo conciliar ambas. Esperamos que Minas Gerais se torne um espelho para o restante do Brasil no que concerne à produção de energia agrivoltaica”, conclui.
O gerente de PDI, Inovação e Transformação da Cemig, Donorvan Fagundes, destacou a importância da conclusão dessa etapa da iniciativa e ressaltou os ganhos que ela trará ao longo das outras fases.
“O projeto está em um momento fundamental de pesquisa, principalmente quando nos referimos às adaptações das culturas nos respectivos ecossistemas. A forma como os equipamentos deverão ser instalados, de maneira que possamos vincular a melhor produtividade com a maior geração de energia possível, é o desafio que teremos nos próximos meses”, finalizou.
Da Redação com Agência Minas