“Aqui nos dedicamos à batalha entre a vida e a morte, sempre buscando o resultado positivo, que é a vida. Ao longo desses quase 12 anos de atuação do Suporte Aéreo Avançado de Vida (Saav), experimentei tanto alegrias quanto tristezas. No entanto, o que levo comigo é a certeza de que ajudamos muitas pessoas e que nosso cotidiano é marcado por voos para salvar vidas”, resume o tenente-coronel Peterson José Paiva Monteiro.
O Saav, fruto da parceria entre o Governo de Minas, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG), o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), o Comando de Aviação do Estado (Comave) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), através dos Consórcios Regionais de Saúde, tem como metas reduzir o tempo de resposta aos chamados, agilizar o acesso aos serviços de saúde e humanizar o atendimento em todo o estado.
“Nos orgulhamos muito do que fazemos. Somos os maiores operadores aeromédicos do SUS no Brasil e conseguimos posicionar Minas Gerais em um patamar inédito no país. Isso reflete o retorno significativo para a sociedade e o investimento contínuo da SES-MG e do Corpo de Bombeiros para manter nossas aeronaves em operação”, comemora o tenente-coronel Peterson, comandante do Batalhão de Operações Aéreas (BOA).
Desde o início das operações, foram registradas mais de 19 mil horas de voo, transportando 7.780 pacientes e realizando 9.249 atendimentos. Em 2023, foram 1.227 atendimentos e 963 transportes. A frota, composta por cinco helicópteros e dois aviões, opera em quatro bases estratégicas em Belo Horizonte, Montes Claros, Varginha e Uberaba, otimizando a resposta aos chamados.
A previsão é de entrega de mais quatro aeronaves neste ano, além da inauguração de duas novas bases na região Leste do estado e na Zona da Mata mineira. As bases contam com uma equipe multidisciplinar, incluindo pilotos, tripulantes operacionais, médicos, enfermeiros, mecânicos e técnicos de apoio de solo, responsáveis pelo abastecimento das aeronaves.
“Estamos investindo intensamente na expansão do transporte de urgência e emergência em todo o estado para garantir socorro rápido aos pacientes. Seja por via terrestre ou aérea, essa agilidade é crucial para salvar vidas,” destaca o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.
“Até o final de 2024, teremos cobertura de 100% do Samu em Minas Gerais. Com as novas aeronaves, que devemos receber nos próximos meses, estabeleceremos bases do Saav em Governador Valadares e Juiz de Fora, cobrindo todo o estado com o serviço aéreo e assegurando um tempo de resposta ainda menor,” anuncia o secretário.
Minas Gerais se destaca como referência para todo o país, inclusive apoiando outros estados no transporte de pacientes e órgãos para transplantes.
Ana Elisa Machado da Fonseca, coordenadora de Atenção às Urgências e Emergências da SES-MG, explica a colaboração entre as entidades envolvidas. “A SES-MG financia as aeronaves, o Corpo de Bombeiros disponibiliza o espaço físico, pilotos e condução aérea, enquanto os consórcios de saúde cedem profissionais do Samu para gestão e regulação dos atendimentos.”
O serviço aéreo garante um tempo de resposta inferior a 30 minutos para toda a população do estado, chegando rapidamente a áreas de difícil acesso e proporcionando atendimento imediato. As principais vias de acesso ao Saav incluem o sistema SUSFácil de regulação estadual de pacientes, chamadas para os bombeiros (193) ou Samu (192), e a mobilização própria do grupamento em situações de emergência.
O coronel Alexandre Gomes Rodrigues, membro da primeira turma de pilotos do BOA, destaca o desafio de manter a objetividade diante de situações emocionais intensas. “Lidamos com tragédias, como Brumadinho e a pandemia de COVID-19, além das situações cotidianas com transporte de pacientes graves, especialmente recém-nascidos. Precisamos focar na operação da aeronave, permitindo que a equipe médica atue para garantir um voo seguro e a melhor conclusão do trabalho.”
O tenente-coronel Peterson enfatiza a necessidade de foco, disciplina e concentração no trabalho. “Nos deparamos com diferentes cenários, e se permitirmos que a emoção tome conta, corremos o risco de comprometer a segurança. Realizamos atendimentos humanizados, mas mantemos uma abordagem objetiva para garantir a segurança.”
O comandante do BOA relembra a tragédia de Brumadinho e destaca o empenho contínuo da equipe na busca por vítimas, mesmo após quase cinco anos do ocorrido. “Orgulhosamente, o Corpo de Bombeiros ainda está presente em Brumadinho, empenhado em encontrar até a última vítima.”
A palavra “Arcanjo” foi escolhida para representar as aeronaves do BOA, simbolizando proteção e a missão diária do grupamento. “Na nossa missão, chegamos para levar esperança quando há angústia e escuridão. O nome foi tão inspirador que o Corpo de Bombeiros de Santa Catarina o adotou para uma de suas aeronaves em homenagem a Minas Gerais,” conta o tenente-coronel Peterson.
Ao todo, são 11 Arcanjos, alguns fora de operação devido ao tempo de uso, mas a frota continua a se expandir, incluindo um novo avião grand caravan, capaz de montar uma UTI aérea para prestar assistência e transporte para qualquer região do Brasil.
Cuidado que salva
Mateus Caldeira Barbosa é médico e atua no Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste (Cisurg) há três anos. Ele já trabalhou no Samu e sempre teve o sonho de fazer resgates aéreos. A equipe de Mateus levou, nos últimos dias, uma criança de Montes Claros, no Norte de Minas, para se submeter a uma cirurgia cardíaca na capital mineira.
“Acabamos de chegar com uma recém-nascida de seis dias com cardiopatia congênita. Durante o voo, tomamos todos os cuidados para manter a medicação de forma contínua, mantivemos ela aquecida, protegemos o ouvido e a deixamos sempre próxima da mãe, para que ficasse o mais tranquila e confortável possível”, explica.
“Trabalhava no Samu e acompanhava as ocorrências dos bombeiros com o helicóptero descendo no meio de rodovia, fazendo tudo aquilo que a gente fazia na rua. Corri atrás e fiz cursos na área de resgate e transporte aéreo, porque precisamos entender também da fisiologia do voo e as alterações que o próprio transporte causa no paciente para sabermos como agir. Esse é um sonho que eu venho realizando há três anos e é muito gratificante”, completa o médico.
Em 13/12/2023, a equipe do Saav auxiliou o Governo do Estado do Rio Grande do Norte com o transporte de uma paciente de 18 anos que precisava fazer transplante de fígado no estado do Ceará. A articulação foi feita pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). De acordo com a secretária de Estado de Saúde do Rio Grande do Norte, Lyane Ramalho, a cirurgia foi feita no mesmo dia e a paciente já está com a saúde restabelecida.
“Agradecemos ao Governo de Minas por todo o empenho e auxílio com o transporte de uma paciente nossa para fazer um transplante de fígado. Esse foi um gesto grandioso e, para nós, representa a força do SUS. Juntos, conseguimos avançar mais rápido e atuar para salvar as vidas dos nossos cidadãos”, agradeceu a secretária.
Da Redação com Agência Minas