Qual é o valor do nosso tempo? Como mensurar o significado das pequenas alegrias, como compartilhar momentos de qualidade com a família ou desfrutar de um café da manhã tranquilo ao lado dos filhos? Geraldo Afonso, um aposentado de 56 anos, residente em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, compreende profundamente a importância do tempo que passa com seus dois filhos, especialmente quando as dificuldades da vida nos privam desses momentos.
Geraldo recebeu o diagnóstico de doença renal crônica (DRC) em 2014. Desde então, sua rotina é marcada por três sessões de diálise por semana. No entanto, graças aos investimentos do Governo de Minas, ele agora pode realizar o tratamento no Centro de Diagnóstico e Serviços de Hemodiálise do Vale do Jequitinhonha, em sua própria cidade.
Anteriormente, quando Geraldo fazia hemodiálise em Diamantina, por exemplo, ele gastava mais de 12 horas por dia para o tratamento, sendo quatro horas na estrada, quatro na cadeira de diálise e mais quatro na viagem de volta. “Saía de casa às seis da manhã e só retornava depois das onze da noite”, relembra.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) tem direcionado recursos para expandir os serviços de hemodiálise em municípios estratégicos, localizados em regiões anteriormente carentes desse tipo de serviço. Esses investimentos não apenas reduzem o tempo perdido nas estradas, mas também proporcionam acesso ao tratamento a pacientes como Geraldo Afonso. Outras cidades, como Januária, João Pinheiro, São João Nepomuceno, Três Pontas e São Gotardo, também foram beneficiadas por essa iniciativa.
Esses investimentos visam descentralizar os serviços de saúde, levando tratamentos essenciais para pessoas com doença renal crônica a todas as regiões do estado. Essa iniciativa não só beneficia os pacientes, mas também promove uma melhoria significativa na qualidade de vida dos cidadãos, representando um avanço importante na área da saúde em Minas Gerais. Agora, Geraldo e outros pacientes têm mais tempo para passar com suas famílias, mais tempo para estar com amigos e até mesmo tempo livre para cuidar daquelas tarefas que antes eram deixadas de lado. Na região do Vale do Jequitinhonha, por exemplo, os pacientes antes precisavam percorrer distâncias superiores a 120 quilômetros (em alguns casos, cerca de 330 quilômetros) por trecho, só para serem atendidos em Diamantina, Teófilo Otoni e Itaobim. Com os investimentos do Estado, o deslocamento caiu para cerca de 60 quilômetros por trecho, em média.
Em Minas Novas, a população já conta com 12 máquinas de diálise funcionando em três turnos, que atendem 72 pacientes por dia, vindos de 13 municípios.
Agora, na região, não é preciso mais vencer 250 ou 300 quilômetros para o procedimento. Hoje as distâncias chegam a, no máximo, 20 quilômetros, o que resulta em mais tempo com a família, mais conforto para os pacientes e menos tempo nas estradas.
Ampliação dos serviços de hemodiálise
A doença renal crônica diminui a capacidade dos rins de filtrar as toxinas do sangue e pode não apresentar sintomas nos estágios iniciais. As causas principais são diabetes e hipertensão arterial. A DRC pode evoluir, acarretando a necessidade de diálise – seja hemodiálise ou diálise peritoneal. Em, em estágio mais avançado, pode ser necessário o transplante renal.
Com os investimentos da SES-MG, os serviços de hemodiálise no estado ganharam fôlego e tiveram sua cobertura ampliada. Até 2021, 81 locais disponibilizavam o tratamento, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para a doença renal crônica, com hemodiálise e diálise peritoneal, em 60 municípios. No momento, são 86 serviços prestados em 65 cidades.
Em 2024, a expectativa da secretaria é repassar recursos para implantação de novos serviços de hemodiálise nos municípios de Guanhães, Piumhi, Cássia, Águas Formosas, Nanuque, Além Paraíba, Serro, Taiobeiras, Almenara, Lagoa da Prata e Vespasiano.
Já os municípios de João Pinheiro, São Gotardo, São João Nepomuceno e Três Pontas receberam aporte do Estado no segundo semestre de 2023 – superior a R$ 4,3 milhões – e já podem solicitar a habilitação dos serviços junto ao Ministério da Saúde.
O processo de habilitação de serviços de hemodiálise e tratamentos de DRC segue um rito criterioso e a habilitação é dada pelo Governo Federal. Com o apoio da SES-MG, diversas cidades pleitearam a habilitação de serviços para o tratamento de DRC.
Em 2019, havia apenas um município e um serviço de Atenção Especializada em DRC nos estágios 4 e 5 pré-dialítico no estado. Hoje, 32 locais oferecem o serviço em 25 municípios. As cidades de Muriaé,
Campo Belo, Juiz de Fora, Alfenas, Pará de Minas e Araguari também estão em processo de habilitação junto ao Ministério da Saúde para a ampliação do atendimento em Minas Gerais.
Investimentos: saúde perto de casa
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais investiu, nos últimos três anos, mais de R$ 33 milhões para ampliação das vagas de hemodiálise nos municípios com serviços habilitados, implementação e habilitação de novos serviços e a ampliação do acesso à diálise peritoneal. Somente em 2023, foram R$ 6 milhões, contemplando 56 municípios.
Conforme Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS), no período de janeiro a outubro de 2023, foram realizadas cerca de 1,8 milhão de sessões de hemodiálise em Minas Gerais.
Para 2024, está previsto o repasse de incentivo financeiro estadual de mais de R$ 5,7 milhões aos municípios que possuem estabelecimentos que realizam diálise peritoneal, com o objetivo de ampliar o acesso dos usuários a esse tratamento.
“Estamos trabalhando para levar os serviços de saúde para cada vez mais perto do cidadão, na porta de casa, se possível”, salienta o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.
“Essa política de descentralização do serviço dá muito mais qualidade de vida a essas pessoas, que precisam realizar o procedimento três vezes por semana, durante quatro horas. Saúde pública se faz assim, dando mais dignidade, mais acesso a cada um dos mineiros”, conclui.
Esse é o caso do Seu Geraldo, de Minas Novas, que hoje não perde 12 horas de seu tempo, três vezes por semana. Com os investimentos da SES-MG, ele caminha cerca de 500 metros de sua casa até a clínica para realizar seu tratamento.
Hospital da Baleia
O tempo na cidade grande é corrido, mas também tem seu valor. E pacientes dialíticos sabem muito bem como é isso. Os investimentos do Governo de Minas nos serviços de tratamento da doença renal crônica (DRC) não se limitam aos vazios assistenciais do interior do estado, mas são direcionados também para grandes centros, como Belo Horizonte.
Localizado na capital mineira, o Hospital da Baleia recebeu cerca de R$12 milhões em dezembro de 2023 para a reforma e ampliação do Centro de Nefrologia da unidade. O hospital atende cerca de 210 pacientes dialíticos por dia, em três turnos, com 70 pontos de diálise instalados. Isso dá até 420 pacientes, com três atendimentos semanais cada.
Com o novo investimento, o hospital vai contar com mais 35 pontos de diálise, totalizando 105 pontos, o que vai possibilitar o atendimento de até 210 novos pacientes por semana. A previsão é que a ampliação seja concluída até o segundo semestre de 2025.
Da Redação com Agência Minas