A estátua de Juquinha, localizada na Serra do Cipó, finalmente será restaurada. Após anos sem manutenção, sofrendo com a inevitável deterioração causada pelo tempo, a obra, que representa um símbolo da cultura mineira, passará por um processo de revitalização. Esse trabalho será possível graças a um acordo que será estabelecido esta semana entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Anglo American, empresa mineradora que é proprietária do terreno onde a estátua está situada.
Além da restauração da própria estátua, serão realizadas melhorias na sinalização e segurança em torno do simpático ermitão de pedra que recebe os visitantes na Serra do Cipó.
Segundo informações do MPMG, o custo total das obras pode alcançar R$ 400 mil, sem um limite máximo de gastos estabelecido. O plano de trabalho abrange a restauração, a instalação e operação de câmeras de monitoramento remoto 24 horas por dia, com um custo de até R$ 100 mil, além da instalação de sinalização indicativa com placas orientativas e a implementação de planos de ação para a educação socioambiental.
“Nosso objetivo foi identificar quem seria responsável pela preservação e restauração da obra. Como o terreno pertence à mineradora Anglo American, essa responsabilidade recai sobre eles”, afirmou o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA), Carlos Eduardo Ferreira Pinto.
“Existe uma jurisprudência do TJMG que determina que a restauração de bens culturais é de responsabilidade do proprietário do terreno. Se alguém é proprietário de um terreno que possui um bem cultural, ele é responsável por sua preservação, mesmo que os danos tenham sido causados por atos de vandalismo de terceiros”, reforçou o promotor de justiça da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba, Lucas Pardini Gonçalves.
A estátua está localizada no topo das montanhas da região do município de Santana do Riacho, conhecida como Alto Palácio, a cerca de 110 metros das margens da rodovia MG-010, no KM 117. Foi erguida em homenagem ao eremita que era muito querido na região, por encomenda dos prefeitos de Conceição do Mato Dentro e Morro do Pilar, em 1987, três anos após a morte do andarilho. A obra, que tem três metros de altura e foi esculpida pela artista plástica Virgínia Ferreira, é uma das mais fotografadas de Minas Gerais.
A escultura de Juquinha já sofreu danos significativos ao longo do tempo, incluindo a perda do dedão da mão direita, uma fenda em uma das pernas e a quebra das bordas do chapéu. Os braços apresentam buracos com mais de um dedo de largura e profundidade, e o paletó exibe avarias e trincas. A superfície da obra está repleta de trincas e rachaduras, com alguns vergalhões de aço expostos e enferrujando em partes dos braços e pernas.
O último incidente de vandalismo ocorreu em 17 de junho de 2023, quando a parte traseira da estátua foi riscada com uma caneta roxa. As pedras do calçamento que levam ao monumento e a entrada do restaurante adjacente também foram alvo do mesmo tipo de vandalismo. Desde o ano passado, a situação da estátua já vinha sendo apontada em matérias e entrevistas concedidas ao jornal Estado de Minas.
A artista plástica Virgínia Ferreira sugere intervenções a cada cinco anos para manter a obra preservada, devido à exposição da estátua às intempéries. “Ele está em uma área com grande variação de temperatura. Há neblina, sol, chuva, vento, tudo isso contribui para a degradação da estátua. Umidade e temperatura promovem dilatações que prejudicam o cimento e a ferragem”, explicou Virgínia.
Da Redação com Itatiaia