Duas cidades mineiras registram casos de febre oropuche: Gonzaga, no Rio Doce, e Congonhas, na região Central. Agora são quatro registros da doença em Minas (os outros dois foram em Ipatinga), que se assemelha com a dengue.
Por nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que as quatro amostras detectáveis para o vírus foram alvo de análises, em maio, pelo Laboratório Central de Saúde Pública, da Fundação Ezequiel Dias (Funed). Os exames foram feitos após pacientes com sintomas terem exames negativos para dengue, zika e chikungunya. “O Estado não registrou casos ou óbitos por febre oropouche até o ano de 2023”, completa a pasta.
Apesar de estar em uma região diferente, a cidade de Gonzaga está localizada a cerca de 130 km de Ipatinga. Já Congonhas fica a quase 300 km de distância das outras cidades. “Os pacientes que foram detectados pelos exames laboratoriais estão com os sintomas controlados. A SES-MG, por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (Cievs-Minas), está acompanhando a evolução dos casos e conduz a devida investigação epidemiológica no estado”, concluiu a secretaria.
O que é a febre oropouche?
A febre de oropouche é uma zoonose causada pelo vírus oropouche, que foi diagnosticado no Brasil na década de 1960. Trata-se de uma doença já conhecida, que tem circulado na região amazônica nos últimos dez anos. É transmitida aos seres humanos principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis, inseto que tem um ciclo silvestre e um ciclo urbano.
O vírus que infecta os mosquitos circula entre hospedeiros mamíferos, como macaco, bicho preguiça e seres humanos. “O ciclo se mantém na floresta, basicamente na região amazônica. O que aconteceu agora no Rio de Janeiro já ocorreu em São Paulo, e é bom entender que isso não significa transmissão fora da região amazônica”, reforça o médico epidemiologista André Ribas Freitas, professor da faculdade São Leopoldo Mandic, de Campinas.
Quais são os sintomas da oropouche?
O quadro clínico de febre oropouche é muito parecido com o da dengue e o da chikungunya. Incluem febre, dor no corpo, cabeça, artralgia (dor nas articulações), mialgia (dor muscular), calafrios e, às vezes, náuseas e vômitos -que podem durar até uma semana, segundo o médico infectologista Ralcyon Teixeira, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Uma pequena parte dos pacientes pode apresentar complicações neurológicas, como inflamação do cérebro (encefalite) ou da membrana que o envolve, a meninge (meningite). “Não são complicações tão frequentes, mas são as formas mais graves da doença”, afirma Freitas.
Quais são os tratamentos e cuidados?
Para os pacientes com casos suspeitos, além dos cuidados gerais de repouso e hidratação, é recomendado usar repelente e ficar em ambiente climatizado com ar condicionado para evitar serem picados por outros mosquitos no período de viremia (circulação do vírus no corpo). De acordo com Teixeira, esse cuidado evita que novos mosquitos sejam infectados e sigam o ciclo da transmissão, principalmente fora dos locais onde a doença já está instalada.
Da redação com O Tempo e FolhaPress