Na noite desta segunda-feira (3), o líder venezuelano Nicolás Maduro se pronunciou sobre a ordem de prisão contra Edmundo González, seu principal adversário nas eleições presidenciais de julho. Em seu programa semanal na televisão estatal, Maduro chamou González de “covarde” e ressaltou que “ninguém neste país está acima das leis e das instituições”. Ele criticou González por não comparecer a três convocações do Ministério Público, alegando que o opositor se recusa a reconhecer o órgão.
A ordem de prisão era esperada desde sexta-feira (30), quando González faltou à terceira audiência relacionada a uma investigação sobre alegações de fraude eleitoral feitas pela oposição. González, que foi candidato após a inabilitação da líder opositora María Corina Machado e a impossibilidade de Corina Yoris se registrar, argumenta que o Ministério Público age como um “acusador político” e que não teria um julgamento justo.
Atualmente, González é acusado de crimes como desobediência, falsificação de documentos, conspiração, usurpação de funções e sabotagem, podendo enfrentar até 30 anos de prisão. As acusações estão ligadas à divulgação das atas da votação, que foram publicadas pela oposição e revisadas por organizações internacionais, mostrando González como vencedor com 67% dos votos, contra 30% de Maduro. O regime, no entanto, contesta os dados, mas ainda não apresentou as atas oficiais que comprovariam a vitória de Maduro.
González não é visto em público desde 30 de julho, quando participou de um protesto contra o regime. Desde então, tem se manifestado apenas pelas redes sociais, temendo represálias.
A ordem de prisão gerou reações internacionais, com Costa Rica, Argentina, Guatemala, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai emitindo um comunicado conjunto condenando a medida e classificando as acusações como uma tentativa de silenciar González e desconsiderar a vontade popular. O Chile também se manifestou, com o governo chileno expressando sua rejeição à ordem de detenção e pedindo respeito aos princípios democráticos, direitos humanos e liberdades fundamentais dos venezuelanos. O presidente chileno Gabriel Boric, um dos críticos mais vocais de Maduro na esquerda regional, reforçou a posição do país contra o regime venezuelano. O governo brasileiro, que recebeu Maduro em 2023 para reuniões no país, continua em silêncio sobre o assunto.
da redação com a Folha de S. Paulo