Um soldado israelense que passava férias no Brasil foi alvo de investigação da Justiça Federal e teve um mandado de prisão expedido. Ele conseguiu retornar para o país do Oriente Médio antes da sua detenção.
O caso foi divulgado pelo portal Metrópoles. Yuval Vagdani havia chegado ao país em dezembro do ano passado e estava acompanhado de amigos no Morro de São Paulo, na Bahia. Ele foi descoberto pela Fundação Hind Rajab (HRF), que denuncia crimes realizados contra palestinos. Munidos de investigação através de dados abertos, a organização acionou a Justiça brasileira pedindo investigação contra Yuval.
De acordo o site, a HRF anexou imagens de uma postagem no Instagram onde o soldado teria dito para que Israel continuasse “destruindo e esmagando este lugar imundo, sem pausa, até os seus alicerces”, relatando o que seria Gaza. Há quase dois anos, o país ataca o enclave, matando 45 mil pessoas, em uma guerra contra o grupo terrorista Hamas.
O pedido de investigação foi aceita pela juíza federal Raquel Soares Charelli, da Seção Judiciária do Distrito Federal, no dia 30 de dezembro, em plantão judiciário. A associação palestina pediu a prisão provisória dele, por questão de fuga ou destruição de prova, mas não foi aceito a tempo.
A Polícia Federal (PF) estaria encarregada de ver sobre o caso.
Soldado deixa o Brasil; Israel critica ação
A representação diplomática de Israel comunicou um amigo de Yuval Vagdani sobre a investigação, fazendo com que o soldado saísse imediatamente do Brasil nas primeiras horas desse domingo (5), ainda sem informações de qual este deixou o país. Para o Metrópoles, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que acionou sua embaixada no território brasileiro para acompanhar o caso até a “rápida e segura partida” do militar do Brasil.
A representação diplomática do país do Oriente Médio criticou a justiça brasileira, relatando que Israel “está exercendo seu direito à autodefesa após o massacre brutal cometido pelo Hamas em 7 de outubro de 2023”. “Os verdadeiros perpetradores de crimes de guerra são as organizações terroristas, que exploram populações civis como escudos humanos e utilizam hospitais e instalações internacionais como infraestrutura para atos de terrorismo direcionados a cidadãos israelenses”, completa.
De acordo com a mídia israelense, uma reunião emergencial no Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento de Israel foi agendada para esta segunda-feira (6), com o objetivo de discutir o caso envolvendo a Justiça do Brasil e o soldado.
Brasil é signatário de estatuto do Tribunal Penal Internacional
A investigação do soldado israelense por crimes de guerra cometidos em Gaza se deu porque o Brasil é signatário do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI). Este tribunal, existente desde 2002, pune genocídios, crimes contra a humanidade, além de excessos em guerras.
O TPI tem 123 estados membros – estes excluem países como Rússia, Estados Unidos, China e Israel.
com informações de Metrópoles