O metapneumovírus humano (HMPV) é o agente responsável por um surto recente na China, especialmente entre crianças, que tem sobrecarregado o sistema de saúde do país. O aumento dos casos tem despertado a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), levando a uma discussão sobre a possibilidade de o vírus evoluir para uma pandemia global, como ocorreu com a Covid-19.
HMPV: Risco de uma nova pandemia?
Segundo especialistas consultados pelo SBT News, as chances de o HMPV apresentar alterações ou comportamentos semelhantes ao Sars-CoV-2, causador da pandemia de Covid-19, são muito baixas.
A infectologista Raquel Murraeke destaca que o HMPV não é um vírus novo: foi identificado pela primeira vez em 2001 e já circula globalmente há mais de duas décadas. Essa longa exposição permitiu que parte da população desenvolvesse imunidade natural contra ele. No Brasil, o HMPV foi registrado pela primeira vez em 2004 e pertence à mesma família do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), conhecido por causar bronquiolite, uma infecção respiratória grave que afeta principalmente crianças pequenas.
“Isso é diferente da Covid-19, que era um vírus completamente novo, sem imunidade pré-existente, o que facilitou sua propagação e impacto global”, explica o especialista.
Embora a OMS esteja monitorando a situação, o HMPV é considerado um vírus sazonal na China, com maior incidência nos meses de inverno, que vão de 21 de dezembro a 20 de março, e no início da primavera, a partir de 21 de março.
Como ocorre a transmissão?
A transmissão do HMPV é semelhante a outros vírus respiratórios, como a gripe e a Covid-19. O contágio ocorre pelo contato direto com secreções de uma pessoa infectada, como ao tossir, espirrar, apertar as mãos ou tocar superfícies contaminadas. O vírus pode ser transmitido ao levar as mãos contaminadas à boca, ao nariz ou aos olhos.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, os principais sintomas incluem:
- Tossir;
- Febre;
- Congestão nasal;
- Falta de ar.
Em casos mais graves, como os provocados pela bronquiolite associada ao VSR, é comum o aparecimento de chiado no peito e sinais de insuficiência respiratória, como cansaço e uso da musculatura acessória – movimentos intensos entre as costelas e na região do abdômen durante a respiração. Segundo o pneumologista André Nathan, do Hospital Sírio-Libanês, esses sintomas podem exigir atendimento médico urgente.
Quem está em maior risco?
O público mais vulnerável ao HMPV inclui crianças menores de cinco anos, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido. Esses grupos são mais suscetíveis a desenvolver quadros graves, especialmente em ambientes com alta circulação de vírus.
Interesse público cresce: “Vírus da China” em alta no Google
Nos últimos meses, o interesse por pesquisas relacionadas ao “vírus da China” tem crescido no Brasil, segundo dados do Google Trends. O termo mais associado é o metapneumovírus, o que reflete uma crescente curiosidade e preocupação da população sobre o tema.
Apesar das atenções específicas ao HMPV, especialistas reiteram que, com medidas de higiene adequadas e acompanhamento médico em casos graves, o risco de uma nova pandemia é altamente perigoso.
