O governo de Javier Milei à frente da Argentina vive dias turbulentos: após aplicar um golpe de memecoin pelo próprio presidente nas redes sociais, a oposição estuda fórmulas de realizar seu juízo político. Uma entrevista a um canal de notícias nesta semana agravou a situação, quando ficou evidente uma manipulação das perguntas.
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Milei anunciou o lançamento de uma criptomoeda chamada $LIBRA no X (antigo Twitter), que recebeu uma capitalização de cerca de 4 bilhões de dólares; porém, o valor dela caiu vertiginosamente quando um pequeno grupo de carteiras digitais retiraram da $LIBRA quase US$ 90 milhões. Horas mais tarde, o presidente argentino apaga a postagem e disse que “não tinha ligação com o projeto”.
A imprensa local, na verdade, descobriu elos do que é chamado de “criptogate”: o empresário norte-americano Hayden Mark Davis, envolvido no lançamento da $LIBRA, disse em uma entrevista que tinha “total controle” sobre como Milei iria promover o token. O jornal La Nación publicou mensagens de que Davis disse, no final do ano passado, que conseguiria fazer com que Milei postasse o conteúdo e que enviaria dinheiro para a irmã do presidente, Karina Milei – ela é o braço direito do mandatário do país austral. Ele negou a situação, através de interlocutores.
Com o escândalo, a oposição correu até à Justiça para denunciar Milei por associação ilícita a fraude, enquanto organiza provas para um pedido de impeachment. Além do presidente, figurões do governo também estão no alvo.
Enquanto isso, Milei organizou sua defesa ao ser entrevistado pelo canal Todo Noticias, de maneira gravada. No que foi ao ar, o presidente argentino disse que achava que seria uma “boa ideia” divulgar a $LIBRA, e alertou que o mercado de criptomoedas é muito volátil – e quem se aventurou a comprar “sabia dos riscos”. O que não foi ao ar é que rendeu mais polêmica: durante o questionamento, Santiago Caputo, assessor de Javier Milei, interrompeu o jornalista dizendo que tais questionamentos poderiam render “investigações judiciais”.
Maurício Macri, ex-presidente e um dos principais “fiadores” do governo libertário, fez críticas a gestão, dizendo que Milei está “mal acompanhado” e que pede “investigação séria”. O partido de Macri não faz parte da coalizão deste governo, apesar da proximidade e da necessidade de Milei tê-lo para aprovar suas medidas.
com informações de La Nacion e El País