O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi submetido ao processo de fichamento após sua prisão na Geórgia, onde enfrenta acusações relacionadas à tentativa de manipulação das eleições de 2020. A cerimônia, ocorrida em uma prisão de Atlanta, incluiu a captura da fotografia judicial de Trump, que possui 1,90m de altura, pesa 98kg e ostenta cabelos loiros característicos.
Em um rápido procedimento que durou menos de meia hora, Trump, de 77 anos, foi formalmente indiciado por 13 acusações no centro penitenciário do condado de Fulton, na cidade de Atlanta. Nesse momento histórico, ele posou para a foto policial, uma imagem que rapidamente se espalhou após ser divulgada pelas autoridades.
As acusações recaem sobre o republicano, alegando que ele conspirou com outros 18 indivíduos na tentativa de anular os resultados eleitorais de 2020 no estado sulista. Após o procedimento, Trump foi liberado mediante o pagamento de uma fiança no valor de US$ 200 mil (cerca de R$ 988 mil) e deixou o local em um comboio rumo ao aeroporto.
Ao contrário de situações anteriores, em que Trump havia sido dispensado de tirar uma foto policial, dessa vez ele foi tratado como qualquer outro indivíduo sob investigação. A foto em questão retrata o ex-presidente encarando a câmera com expressão rígida e testa franzida.
Em declarações feitas aos jornalistas após sua prisão, Trump, que é considerado um possível candidato à nomeação presidencial republicana de 2024, expressou pesar pelo ocorrido e acusou os democratas, seus oponentes políticos, de “interferência eleitoral”. Ele afirmou que o que estava acontecendo era uma “paródia da justiça” e reiterou sua inocência, alegando que não cometeu nenhuma infração.
O ex-presidente fez questão de compartilhar sua ficha policial no Truth Social, sua plataforma de rede social, com as legendas “FICHA POLICIAL – 24 DE AGOSTO DE 2023”, “INTERFERÊNCIA ELEITORAL” e “NUNCA SE RENDER“. Além disso, ele incluiu um link para o site de sua campanha.
Em um gesto simbólico, Trump também utilizou sua antiga conta na plataforma X (antigo Twitter), da qual havia sido banido após os eventos de janeiro de 2021 no Capitólio, para compartilhar sua ficha policial e as mesmas legendas.
Seu ex-advogado, Rudy Giuliani, que também está entre os 19 acusados pelas tentativas de anulação dos resultados eleitorais de 2020 na Geórgia, demonstrou apoio a Trump e criticou o que chamou de ataque à Constituição dos Estados Unidos. Giuliani expressou seus desejos de boa sorte a Trump após sua prisão.
Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Trump, também se apresentou às autoridades e foi liberado após pagar fiança no valor de US$ 100 mil (aproximadamente R$ 500 mil). No entanto, um dos acusados, Harrison Floyd, permaneceu detido por não ser favorecido com a liberdade sob fiança.
O xerife do condado de Fulton, Pat Labat, explicou que a prática comum na Geórgia é fotografar os acusados antes de sua liberação sob fiança. As entradas da prisão foram temporariamente fechadas para o tráfego, exceto para veículos policiais, durante o procedimento.
Na sequência do acontecimento, Trump trocou de advogado na Geórgia, substituindo Drew Findling por Steven Sadow. Essa mudança não foi plenamente explicada até o momento. Sadow já havia criticado a lei de combate ao crime organizado usada pela promotora Fani Willis, que lidera o indiciamento coletivo dos 19 réus. Essa lei prevê penas severas, de cinco a vinte anos de prisão.
Os acusados foram indiciados por supostamente tentarem anular ilegalmente os resultados das eleições de 2020, as quais foram conquistadas no estado-chave da Geórgia pelo atual presidente democrata, Joe Biden. Eles têm até o meio-dia local de sexta-feira para se apresentarem às autoridades novamente, e é esperado que retornem ao tribunal na semana de 5 de setembro para declararem-se culpados ou não.
A procuradora Fani Willis tem o objetivo de que o julgamento seja realizado em março de 2024.
Além das acusações na Geórgia, Trump enfrenta outras quatro acusações criminais, duas em nível federal em Washington e na Flórida, uma no estado de Nova York e outra na Geórgia. Cada processo tem gerado milhões de dólares em doações para o ex-presidente por parte de seus apoiadores, que o veem como vítima de uma suposta “caça às bruxas”.
A prisão de Trump ocorreu logo após o primeiro debate das primárias republicanas, onde ele optou por não comparecer, alegando sua liderança nas pesquisas. Em vez disso, ele concedeu uma entrevista ao ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson, que foi transmitida na plataforma X ao mesmo tempo do debate.
Ainda que ausente fisicamente, Trump monopolizou a atenção durante o debate, e a maioria dos pré-candidatos expressou apoio à sua possível candidatura republicana, mesmo diante das acusações.
Da redação
*Fonte: AFP