O mais recente confronto entre Israel e o Hamas, que está agora no seu segundo dia, neste domingo, 8 de outubro, revela um impasse duradouro entre grupos diversos que persiste há muitas décadas. Por mais de 70 anos, a região tem sido palco de um conflito em torno de territórios, resultando em confrontos armados e perdas de vidas.
Neste último conflito, que teve início após um ataque surpresa do Hamas no sábado, 7 de outubro, já se registram mais de mil mortes confirmadas em Israel e na Faixa de Gaza. Além disso, há milhares de pessoas feridas, tanto israelenses quanto palestinos. No entanto, para entender melhor as diferenças entre israelenses, palestinos e o grupo Hamas, o mestre em relações internacionais Uriã Fancelli, que estudou nas universidades de Estrasburgo e Groningen, destaca três pontos principais para explicar essa questão.
Em termos gerais, segundo Fancelli, é possível definir os grupos da seguinte forma:
- Israelenses: cidadãos do Estado de Israel, que foi criado no fim da década de 1940.
- Palestinos: povo etnicamente árabe, de maioria muçulmana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.
- Hamas: grupo radical considerado como terrorista por alguns países, como os Estados Unidos e o Reino Unido.
- Israelenses
Em 1947, as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados: um judeu e um árabe, a serem estabelecidos na Palestina, que estava sob um mandato britânico.
De acordo com Uriã Fancelli, a proposta tinha como objetivo “concretizar a promessa de estabelecer um território para os judeus, que haviam estado dispersos pelo mundo por muitos séculos e acabavam de enfrentar uma perseguição sem precedentes durante o Holocausto”.
“Foi fundado o Estado de Israel como o ‘lar dos judeus’, e isso levou à imigração de judeus de diversas partes do mundo para se reunirem no país”, explicou ele.
Naquela época, a proposta foi aceita pelos líderes judeus, mas rejeitada pelo lado árabe. Com o impasse persistente, os judeus proclamaram a criação do Estado de Israel em 1948, o que desencadeou uma revolta entre os palestinos e resultou na guerra árabe-israelense no mesmo ano.
- Palestinos
Diante do conflito, a comunidade internacional propôs a criação de um Estado palestino que deveria coexistir pacificamente com Israel.
Segundo Fancelli, após a fundação do Estado de Israel, muitos palestinos acabaram se dispersando para territórios vizinhos, como a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
“Apesar de a maioria dos palestinos residir em Gaza e na Cisjordânia, essas duas regiões estão fisicamente separadas por Israel”, afirma.
“Em 2012, a ONU concedeu ao ‘Estado da Palestina’ o status de Estado observador, mas ainda não foi estabelecido um território claramente definido para esse Estado.”
- Hamas
Apesar dos esforços da comunidade internacional e de diversas tentativas de manutenção da paz na região, os conflitos continuaram, permitindo que um grupo islâmico armado, o Hamas, ganhasse força.
De acordo com Fancelli, desde 2006, o Hamas governa a Faixa de Gaza, onde vivem aproximadamente 2 milhões de palestinos. Esse grupo extremista busca a eliminação do Estado de Israel.
“É importante ressaltar que a maioria dos membros do Hamas é composta por palestinos, mas nem todos os palestinos são membros do Hamas”, afirma. “Confundir os palestinos com o Hamas é semelhante a dizer que todo afegão é membro da Al-Qaeda”, explica.
No sábado, 7 de outubro, o Hamas anunciou uma grande operação de retomada de território, lançando mais de 5 mil foguetes contra Israel a partir da Faixa de Gaza. Isso resultou em sirenes em cidades importantes de Israel, ataques a edifícios e veículos, bem como invasões por terra e mar por parte do Hamas, incluindo relatos de tiroteios nas ruas e sequestros de moradores israelenses. O primeiro-ministro israelense respondeu convocando uma reunião de emergência e lançando a operação “Espadas de Ferro”.
As autoridades recomendaram que os cidadãos sigam as instruções de segurança e fiquem próximos de áreas protegidas. Até o momento, mais de 900 pessoas morreram em Israel e na Faixa de Gaza, com milhares de feridos, e os bombardeios continuam na Faixa de Gaza.
Da Redação com G1