Um grupo de 19 brasileiros que busca deixar a Faixa de Gaza conseguiu chegar ao sul do território, após ter sua viagem adiada devido a novos bombardeios. Eles embarcaram em um ônibus fretado pela Embaixada do Brasil na Palestina e chegaram ao sul de Gaza no sábado, conforme relatou o embaixador brasileiro, Alessandro Candeas.
Os brasileiros conseguiram percorrer a distância entre o abrigo no norte de Gaza, onde estavam alojados, e a cidade de Khan Younes, ao sul, aguardando aprovação da Embaixada do Brasil na Palestina para prosseguir em direção à fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito.
Em Khan Younes, foram acomodados em uma residência de uma família brasileira, onde permanecerão aguardando para cruzar a fronteira e, posteriormente, embarcar em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) no Egito, que os levará de volta ao Brasil.
O desafio crucial para o grupo agora é a janela de oportunidade limitada para cruzar a fronteira. Segundo informações de negociações entre Egito, Israel e Estados Unidos, relatadas à agência de notícias Associated Press e à rede de TV Al-Jazeera, foi alcançado um acordo para abrir a fronteira entre o sul de Gaza e o Egito, que estava fechada desde o início dos conflitos entre Hamas e Israel.
Fontes de Washington informaram à Al-Jazeera que a fronteira será aberta das 12h às 17h, no horário local (das 06h às 11h, no horário de Brasília). No entanto, autoridades do Ministério das Relações Exteriores brasileiro disseram à TV Globo e à GloboNews que Israel não deve permitir a abertura da fronteira no sábado.
A rede CNN Internacional divulgou que fontes do Ministério da Defesa de Israel autorizaram a passagem entre Gaza e Rafah, no Egito, mas não especificaram o horário de abertura. É importante destacar que somente cidadãos estrangeiros terão permissão para atravessar esse corredor, de acordo com o acordo estabelecido.
O trajeto entre o abrigo no norte de Gaza, de onde o grupo partiu, até o sul de Gaza tem apenas 25 quilômetros de extensão, o que, em circunstâncias normais, levaria cerca de 30 minutos para ser percorrido. No entanto, a previsão era de que a viagem poderia se estender até duas horas, caso houvesse bombardeios.
Nesta madrugada, um ataque com mísseis atingiu um comboio de civis que seguia o mesmo trajeto, resultando na morte de 70 pessoas, incluindo bebês e mulheres.
Para garantir a segurança do grupo, a Embaixada aguardou a garantia de Tel Aviv de que não haveria bombardeios na rota. O embaixador Alessandro Candeas informou que a Embaixada comunicou a placa e o modelo do ônibus às autoridades de Israel e ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Anteriormente, os brasileiros já haviam tentado iniciar a jornada, colocando suas bagagens no porta-malas do ônibus. No entanto, devido a informações sobre novos bombardeios de Israel no trajeto, foram forçados a retornar ao abrigo onde estavam alojados.
Os ônibus para transportá-los haviam chegado na noite anterior, mas a Embaixada brasileira na Palestina considerou muito arriscado prosseguir devido à série de ataques aéreos realizados por Israel.
O avião enviado pelo governo brasileiro para resgatar o grupo e levá-los de volta ao Brasil está em Roma, na Itália, aguardando que o grupo cruze a fronteira para embarcar no Egito. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou na sexta-feira que o embarque será realizado em um local no Egito próximo à fronteira com a Faixa de Gaza, em vez da capital, Cairo.
Da redação
Fonte: G1