Um grupo de 28 brasileiros, que solicitou ajuda ao Itamaraty para ser retirado da Faixa de Gaza, permanece retido na região, aguardando um acordo que permita sua entrada no Egito, com o consentimento de Israel do outro lado da fronteira.
As negociações estão atualmente no quinto dia, após a etapa mais tensa, na qual 16 brasileiros foram retirados da cidade de Gaza em resposta a um ultimato de Israel na sexta-feira passada. Essa crise teve início com os ataques do grupo palestino Hamas, que governa Gaza desde 2007, quando expulsou seus rivais do Fatah. A resposta de Israel a esses ataques tornou-se a maior operação militar do país em meio século, resultando em intensos bombardeios em toda a região de Gaza.
Em um esforço para evacuar os cidadãos brasileiros, o governo brasileiro realizou uma seleção minuciosa da comunidade na região, com 30 pessoas inicialmente solicitando evacuação. O grupo mais vulnerável, composto por 16 pessoas, incluindo 10 crianças, foi levado para a Rosary Sisters School, uma escola católica na periferia da capital, Gaza. Dada a preocupação com a segurança devido a um ataque anterior a essa escola em 2021, as Forças de Defesa de Israel (IDF) foram informadas sobre a presença desse grupo.
A tensão cresceu à medida que Israel ordenou que 1,1 milhão de habitantes da região ao norte do rio que marca a fronteira da capital se dirigissem para o sul para evitar a previsível invasão terrestre de Gaza. O embaixador brasileiro, Alessandro Candeas, trabalhou para conduzir o grupo ao sul, e uma vez lá, eles foram direcionados para uma casa alugada em Rafah, uma cidade na fronteira com o Egito.
No entanto, a evacuação para o Egito não ocorreu devido à falta de acordo entre o governo egípcio e israelense. O impasse persiste, e a pressão internacional aumenta. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, conversou com o presidente egípcio Abdul Fattah al-Sisi, prometendo a evacuação imediata dos brasileiros. Os egípcios alegaram preocupações com a segurança devido aos bombardeios, que exigem coordenação com Israel.
O Itamaraty espera que seja possível remover todo o grupo por Rafah até segunda-feira, embora a situação esteja se complicando devido ao grande número de palestinos com dupla cidadania tentando deixar Gaza. Atualmente, o grupo é composto por 22 brasileiros, 3 imigrantes palestinos e 3 palestinos com residência no Brasil.
Se conseguirem deixar a região, os brasileiros serão repatriados por um avião Embraer-190 da Presidência, que aguarda autorização para pousar no aeroporto de Al Arish, a 45 km de Rafah.
O presidente egípcio, Abdul Fattah al-Sisi, enfrenta a questão dos refugiados, já que o Egito tem uma grande população de refugiados registrados pela ONU e enfrenta desafios de segurança e econômicos. Além disso, é um problema político sensível na região.
No contexto da crise, muitos palestinos de Gaza buscaram refúgio em outros lugares, e a operação de retirada dos 2.700 brasileiros que estavam em Israel está em andamento, com mais um voo de repatriação chegando ao país no domingo.
Da redação, Djhessica Monteiro
Fonte: FolhaPress