Vai a júri popular nesta terça-feira (15) a partir das 9h no Fórum de Sete Lagoas a mulher que é acusada de ser a mandante de assassinar o próprio marido há cerca de dois anos no bairro JK. Mayara Almeida de Sá Silva e os executores, conhecidos como “Gêmeos do São Francisco”, estão presos.
Arley Vaz da Silva foi executado em 22 de outubro de 2022 na Rua Sartre, na porta de um salão de beleza em que Mayara estava. De acordo com a denúncia do Ministério Público, a mulher mantinha um relacionamento extraconjugal com Flaviano Ribeiro de Assis, um dos “Gêmeos do São Francisco”, conhecido por ser de alta periculosidade. Os dois planejaram matar Arley e para isso tiveram a ajuda do irmão de Flaviano, Fábio Ribeiro de Assis, o outro “Gêmeo”.
Mayara, de acordo com a denúncia, atraiu o esposo para o local ligando para ele para que a buscasse. Nisso, os “Gêmeos” acompanharam o deslocamento da vítima em uma moto, e próximo dali, aguardaram que ele parasse na porta do salão. Já estacionado, a dupla chegou na moto e ordenou que Arley saísse do veículo, ficasse de costas e se ajoelhasse no chão, quando foi executado sumariamente.
A denúncia ainda aponta que a motivação da execução de Arley Vaz da Silva era fútil: Mayara desejava manter o relacionamento com Flaviano.
Celular de autor dá pistas sobre o crime
Flaviano Ribeiro de Assis foi detido meses após a execução e manteve contato com Mayara da prisão via WhatsApp, descoberto através de quebra do sigilo telefônico do autor autorizada pela Justiça. Através do aplicativo de mensagens usando o nome de “Bia”, ele orientou a mulher para que desse outra versão sobre o crime para a Polícia Civil. Seguindo as ordens de Flaviano, Mayara Almeida dizia para amigos e parentes que um tal “Dioguinho” teria matado seu marido.
Atualmente, os “Gêmeos do São Francisco” estão detidos em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Dupla de alta periculosidade
Tanto Fábio e Flaviano são considerados indivíduos de alta periculosidade, e estariam envolvidos no tráfico de drogas. Na decisão da juíza Elise Silveira dos Santos, da 3ª Vara Criminal e do Tribunal do Júri da Comarca de Sete Lagoas, apontou que os “Gêmeos do São Francisco” poderiam ser responsáveis por um outro assassinato, cometido em 8 de fevereiro de 2023, cerca de quatro meses após a execução de Arley.
A magistrada aponta que o modus operandi do crime feito naquele ano era idêntico ao apurado: os “Gêmeos” executavam os companheiros das mulheres nas quais se envolviam. A juíza, na decisão que expediu a prisão tanto dos dois quanto de Mayara, relatava que na quebra de sigilo telefônico de Flaviano o teor das conversas dava a entender que a autora “demonstrava propensão a gostar de bandido”, além de que os “Gêmeos” agiram para não serem imputados na execução de Arley.
Mulher tentou prisão domiciliar antes de ser capturada
A família de Arley Vaz da Silva aguarda pelo julgamento de Mayara Almeida de Sá Silva. Antes de ser detida, a autora estava foragida da justiça e solicitou um habeas corpus alegando que por ser mãe de uma criança de 11 anos não poderia ficar presa no regime fechado, tendo o benefício de usar tornozeleira eletrônica, o que foi prontamente negado. Atualmente ela está presa em Vespasiano.
Flaviano quanto Fábio Ribeiro de Assis recorreram e vão ser julgados em separado.