Uma organização da sociedade civil é investigada pela Polícia Federal por praticar fraudes em contratos de prestação de serviços de saúde ao menos em três municípios de Minas Gerais durante a pandemia de Covid-19. A entidade tentou expandir seu raio de ação para diversos locais no estado, incluindo Sete Lagoas.
O foco da operação “Entre Amigos II”, que teve relatório entregue para o Ministério Público Federal (MPF) no último dia 5 de dezembro, foi no desvio de R$ 23 milhões de recursos públicos da Prefeitura de Betim, de fraudes em contratos de serviço de saúde e superfaturamento em Ribeirão das Neves e Divinópolis. Ao menos 27 pessoas foram indiciadas em crimes como por peculato (desvio de recursos públicos), organização criminosa, falsidade ideológica, fraude em licitação e corrupção ativa.
Os sócios do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social eram os promotores da fraude. Nas prefeituras de Betim e Divinópolis, sindicâncias internas descobriram os ilícitos, que eram repetidos com o mesmo modus operandi. Na cidade do Centro-Oeste mineiro, os contratos para a gestão de uma UPA e de um hospital de campanha durante a pandemia chegaram a R$ 100 milhões. Desse total, foi comprovado desvio de R$ 3,5 milhões, mas a PF estima que o prejuízo pode chegar a até 20% do montante contratado.
Tentativa de fraudes em outras cidades
O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social estava, segundo os investigadores da PF, buscando outros municípios e usando de sua influência política para realizar o desvio de verbas. Por meio de lobistas, os responsáveis pela organização buscavam atrair recursos para as cidades.
Na investigação, um dos suspeitos de assumir o papel de articulador da organização criminosa seria Marcelo Luiz Alves, indiciado por peculato na “Entre Amigos II”. Segundo o jornal O Tempo, a PF recuperou uma série de ligações e mensagens trocadas entre ele e um assessor parlamentar que atuava em Brasília. Nas conversas, registradas entre 2018 e 2019, há pistas sobre o que seriam articulações feitas por Marcelo para tentar viabilizar a obtenção de recursos para a saúde em municípios onde o IBDS tentava emplacar contratos superfaturados para locação de ambulâncias. Não se confirmou, porém, se eles chegaram a obter êxito em todas as investidas.
Marcelo, segundo a Polícia Federal, sabia como funcionava a administração pública a fundo, tendo atuado em cargos de gestão em saúde em diversas prefeituras de Minas, além de ter trânsito no meio político. Para atuar como lobista da organização social, Marcelo Luiz Alves era favorecido pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social em contratos por uma empresa de fachada. O jornal O Tempo tentou falar com Marcelo, que não respondeu contato.
Entre os anos de 2018 a 2019, o Instituto Brasilero iniciou atuação em três cidades: Matozinhos, Prudente de Morais e Confis, antes de conseguir contratos em Betim, Divinópolis e Ribeirão das Neves. Ainda neste período, de acordo com o relatório da PF que investigava a interceptação de conversas entre os lobistas e a empresa, a organização social tentou entrar em mais cidades, incluindo Sete Lagoas, porém, sem informações sobre sucesso em assinatura de contratos.