No último domingo (3), por volta das 16h, Lúcio da Silva Barcelos chegou em casa de bicicleta. Não percebeu quando quatro homens se aproximaram armados e o obrigaram a entrar na residência, onde fizeram a esposa e a filha reféns. “Os funcionários do banco reconheceram um dos bandidos. Disseram que ele frequentou a agência uma semana antes do crime. Por isso essa foi uma ação planejada. Eles levantaram a rotina de trabalho da agência e de seus funcionários para o roubo”, afirma o coronel Geovane Silva, comandante do Comando de Policiamento Especializado (CPE) da PM.
Sob a ameaça dos homens, que estavam armados com revólveres e pistolas, o tesoureiro foi instruído a levar os ladrões até a agência do Sincoob. Para manter o controle sobre o gerente, os bandidos prenderam a sua cintura um dispositivo coberto de fita isolante e fios elétricos ligado a um celular e que foi tratado como sendo uma bomba.
Na manhã de ontem, por volta das 8h, dois dos bandidos cobriram as cabeças de mãe e filha com um cobertor e as levaram de carro para um imóvel em Contagem, na Grande BH, ameaçando matá-las caso o tesoureiro não colaborasse, ou se o grupo fosse preso.
Lúcio e os outros dois criminosos seguiram para a agência, onde os 13 funcionários que lá estavam foram rendidos. O cofre foi aberto e uma quantia de dinheiro, ainda não informada, foi passada para um dos bandidos que fugiu de carro. O outro comparsa queria também o dinheiro referente aos municípios de Maravilhas e Pitangui, mas toda essa movimentação chamou a atenção da população, que acionou a polícia militar.
Do pelotão de Papagaios, que fica a apenas um quarteirão do banco, desceram várias viaturas e a agência foi cercada. O criminoso então tirou a bomba de Lúcio e a instalou na cintura de um caixa identificado apenas como Marcos, que foi instruído a se posicionar na frente da agência, à vista dos policiais, para impedir que o local fosse invadido. Segundo informações da polícia, o bandido tentou ganhar tempo e mandou os reféns saírem de mãos nas cabeças para distrair a polícia, enquanto ele fugia pela janela dos fundos.
A dona de casa Laura Duarte estava fazendo a filha, de 3 meses, dormir quando viu o suspeito pular da janela do banco para o telhado da garagem dela. “Tomei um susto danado. Sabia que estavam roubando o banco, mas quando eu vi o homem correndo no muro e pulando para o telhado do vizinho, só pensei em fugir com a minha filha para a rua”, lembra.
O suspeito Edson Cassiano Corrêa, de 32 anos, acabou preso quando saltou para o telhado do vizinho. Com ele foram apreendidos um revólver calibre 38 e seis munições. O explosivo foi removido da cintura do caixa do banco por policiais do Esquadrão Antibomba, que veio de Belo Horizonte e foi detonado num local seguro, mostrando que se tratava de um dispositivo falso, de tubos de PVC recheados com areia. No meio da tarde, a mãe e a criança foram libertadas num bairro de Contagem. Elas conseguiram fazer contato com a polícia e foram levadas de helicóptero para encontrar com o pai em Papagaios. Ninguém ficou ferido.
Veja o vídeo do encontro de mãe e filha com a polícia:
PERFIL
A ficha criminal de Edson é extensa, contendo um histórico de 22 páginas com diversas passagens por crimes como roubo. Por volta das 15h, enquanto a polícia ainda rastreava a família sequestrada e fazia diligências, uma advogada que não quis se identificar, apareceu para representar o detido. Ela não explicou como foi acionada tão rapidamente e não quis conceder entrevista. Tudo isso leva a polícia a crer que se trata de uma quadrilha muito organizada. “São elementos da região de Belo Horizonte, que agem como oportunistas, identificando alvos no interior. Mas a Polícia Militar agiu com rapidez e conseguiu impedir o roubo, graças também a colaboração da população que estranhou essa movimentação e denunciou”, disse o coronel.
Com Jornal Estado de Minas