O jovem de 17 anos, agredido no Instituto de Educação de Minas Gerais, morreu na manhã desta terça-feira (20), no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte. O suspeito é um colega, H. R. G. R. de 18 anos, que teve a prisão convertida em preventiva. Segundo a escola, ele tem histórico de agressividade, com mais de 30 ocorrências no prontuário.
No dia 14, os jovens jogavam futebol, durante o recreio, quando teria ocorrido um desentendimento entre a turma. A vítima foi agredida com socos e pontapés, tentou fugir, mas foi perseguida. Imagens do circuito interno da escola registraram a violência. A escola tradicional fica na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Testemunhas disseram que o adolescente de 17 anos foi atingido de costas com um chute na cabeça. A gravação mostra o momento em que ele é jogado da escada, batendo a cabeça em uma mureta. O suspeito aparece nas imagens ajudando a carregar o colega com outros estudantes. Depois, ele se afasta.
Motivo do espancamento
A tia da vítima, Valdênia Evangelista, foi para o hospital assim que soube da morte. Ela revelou o que causou a agressão: um drible durante futebol no recreio.
“Foi por causa de um drible, uma embaixadinha que ele fez que começaram os empurrões e acabou com o desfecho dessa tragédia”, afirmou a tia.
Mesmo assim, ela disse que perdoa o suspeito “Ele está perdoado, na hora que entrei na escola, já falei com o próprio policial: ‘não precisa disso’. Para mim, foi um acidente, uma fraqueza”, afirmou Valdênia Evangelista. Ela cuidava de Luiz desde quando ele tinha 3 anos.
Luiz queria ser engenheiro e havia acabado de prestar o Enem. “A vida dele era estudar, bicicleta e futebol. Luiz era muito tranquilo. Era uma criança que nunca a gente precisou de chamar a atenção porque ele era muito bonzinho. Ajudava com as coisas em casa. (…) Luiz é um menino que nunca vai ser esquecido. É um menino que, onde ele foi, ele só plantou e colheu amor”, disse.
O tio de da vítima, Walter Evangelista, contou que tinha tentado uma vaga para o garoto em outra escola no começo do ano, mas que foi destratado pelos funcionários do colégio. Para ele, o que aconteceu no Instituto de Educação foi um homicídio e não uma agressão.
“Infelizmente nós não vamos ter ele mais, mas as lembranças boas dele vão permanecer na vida da gente o tempo todo. E é isso que dá força pra gente continuar lutando.”
“Não tenho sentimento nenhum com o rapaz que agrediu ele, tenho sentimento com o pai e com a mãe dele que devem estar sofrendo também… pelas falhas na educação que deveriam ter dado pra ele. Pela omissão da Secretaria [de Educação] quando a diretora fez os boletins de mau comportamento e ela, de pés e mãos atadas, não pôde fazer nada.
Agora é se apegar com Deus para que a justiça seja feita, porque isso não foi um caso de agressão, isso foi um homicídio na escola”, afirmou Walter.
O velório será em Minas Novas e o enterro, em Turmalina, no Vale do Jequitinhonha.
Traumatismo craniano
Segundo a polícia, a vítima teve traumatismo craniano, com múltiplas fraturas na cabeça e foi submetido a cirurgias.
O socorro foi prestado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Luiz Felipe foi entubado e levado inconsciente para o Hospital de Pronto-Socorro XXIII, onde ficou no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
“Toda a equipe se envolveu e ficou muito sensibilizada. O estado era muito grave desde o início”, disse ao G1 o médico Marcelo Lopes, diretor assistencial da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig).
Procurada pela equipe de reportagem no dia 15, a família do suspeito não quis gravar entrevista. Por telefone, o irmão dele disse que ele estava jogando bola na quadra e o “menino” ficava dando pancadas de leve em H.
“Ele foi invocado e foi tirar satisfação com o menino. Os meninos começaram a brigar, os dois. Aí, ele foi descendo para a sala de aula e o menino continuou falando. Ele pegou e chutou, mas não chutou com intenção de provocar o que ele provocou”, disse o irmão.
Histórico de agressividade
O estudante de 18 anos que foi preso tem histórico de comportamento agressivo, segundo a diretora do Instituto de Educação de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
“Foram várias, muitas. Mais de 30. Agressões, comportamentos indesejados com colegas, falas, matando aula dentro de escola, né, e a gente buscando”, disse Alexandra Aparecida Morais, diretora do IEMG, sobre o histórico do suspeito.
Um registro da escola relata que ele “não tem compromissos com os estudos e é agressivo com as professoras”. Em outro relato, uma aluna reclama que foi agredida várias vezes pelo jovem.
O estudante ferido nunca se envolveu em brigas, de acordo com a direção do instituto.
O que diz a Secretaria de Educação
A Secretaria de Estado de Educação divulgou nota no fim da manhã afirmando que “recebeu com profundo pesar a notícia do falecimento do estudante do Instituto de Educação”. Segundo a secretaria, durante todo o período de internação, representantes da pasta e da direção da escola acompanharam a família e deram apoio necessário. A SEE disse que se colocou à disposição da família para conduzi-la a Minas Novas, onde será o velório, e a Turmalina, onde será o enterro.
Com G1
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