Está em andamento no fórum Desembargador Félix Generoso em Sete Lagoas, o julgamento de M.V.S., de 22 anos, acusado de participar de um assassinato e de mais quatro tentativas de homicídio em junho de 2015.
A sessão do júri comandada pela juíza Elise Silveira dos Santos, da 3ª Vara Criminal e do Tribunal do Júri da Comarca de Sete Lagoas, começou por volta das 9h desta quinta-feira (17).
O crime
No dia 23 de junho de 2018, por volta das 20h, homens encapuzados e armados invadiram uma residência no bairro Cidade de Deus em Sete Lagoas e atiraram contra várias pessoas. Uma mulher, M.A.R. de 34 anos, morreu. Uma jovem e um homem também foram atingidos pelos disparos. Na casa ainda havia três crianças, filhas de M.A.R., que não sofreram ferimentos.
A acusação
De acordo com a promotora de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Déborah Goulart, as investigações apontaram que M.V.S. é um dos quatro homens que participaram do crime.
Segundo a promotora, a motivação para o ato, que teria sido a mando de um suposto traficante, está relacionada à guerra do tráfico de drogas na cidade.
Os detalhes da investigação foram repassados por Déborah durante o julgamento na manhã dessa quinta. As apurações dão conta de que no dia do crime, quatro homens chegaram à casa de M.A.R., fortemente armados, em um veículo de cor escura. Três deles desceram, enquanto o motorista permaneceu no carro.
Um homem, E.M.R. de 35 anos, que estava na residência entrou em luta corporal contra um dos suspeitos e foi atingido no braço. Momento em que os demais autores invadiram a residência e atiraram 17 vezes contra a mulher.
A jovem, B.M.A.S. de 19 anos, filha da vítima fatal, percebendo a movimentação correu para o quarto junto aos três irmãos, que eram crianças com idades entre 3 e 8 anos. O homem que havia tentado impedir a ação de um dos autores também foi para o cômodo, a fim de se proteger.
Um dos criminosos, não identificado pelas vítimas, foi até a janela do quarto e disparou contra todos que estavam no local. Os tiros acertaram a perna da jovem e a barriga do homem, mas as crianças não foram alvejadas. Segundo os relatos dos atingidos, os autores só pararam de atirar porque as munições acabaram.
De acordo com a promotora, o alvo da ação era M.A.R., que já teria comercializado drogas para traficantes rivais, mas com a intenção de não deixar rastros, os infratores tentaram matar todas as pessoas que estavam na residência.
A defesa
Segundo a defesa do réu, existem alguns pontos que evidenciam a inocência do acusado. A representante de M.V.S. destacou que ele desconhece as vítimas, bem como os possíveis autores. Também afirmou que o jovem é apenas um usuário de drogas, que se tornou um “bode expiatório”.
A advogada ressaltou que outros dois envolvidos no crime possuem nome composto (M.V.) idêntico ao do acusado, sendo diferenciados apenas pelo sobrenome. De acordo com ela, em várias partes do inquérito, nos depoimentos de testemunhas e vítimas, por diversas vezes aparece somente a descrição M.V. Em decorrência disso, as acusações não podem ser atribuídas diretamente a M.V.S, uma vez que há a possibilidade de se tratar de outra pessoa.
Outro ponto enfatizado pela defesa foi a ausência de digitais na cena do crime. “Não há provas contundentes de que M.V.S. é o autor dos disparos ou que ele teria participado do crime. As provas não se sustentam e são frágeis,” revelou a advogada.
A ficha criminal das testemunhas e também dos demais suspeitos foi abordada diversas vezes pela advogada. Ela também salientou que as vítimas não conseguiram identificar quem teria atirado nelas enquanto estavam no quarto e que em momento algum, há indícios da participação de M.V.S. na ação criminosa.
O réu
O crime aconteceu em junho de 2015. Segundo a promotora, Déborah Goulart, em julho do mesmo ano foi expedido o decreto de prisão preventiva contra M.V.S. Porém, o acusado só foi preso em maio de 2016.
Ainda de acordo com a promotora, o réu é suspeito de participar de outros homicídios na cidade, inclusive ele teria se envolvido no assassinato de um chefe do tráfico de drogas, em agosto de 2015.
Até a publicação desta matéria, o julgamento não havia terminado.
Da redação