A Justiça acaba de determinar a internação provisória da adolescente de 17 anos que confessou ter matado, a facadas, a avó, Elizabeth Martins Augusto de Amorim, 57, no mês de janeiro, e escondido o corpo da idosa dentro da casa em que as duas moravam, no luxuoso condomínio Villa Borghese, no bairro Copacabana, na região da Pampulha.
O mau cheiro, resultado do avançado estado de decomposição em que se encontrava o cadáver da avó, não foi empecilho para a menina promover festas no imóvel após o crime. Na última segunda-feira, a menor teria, ainda, saído para se divertir no Carnaval, segundo informações da Polícia Militar (PM).
A menina se entregou à polícia nessa terça-feira e permaneceu detida no Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA-BH), na região Centro-Sul da capital, até o fim da manhã de hoje. O Ministério Público (MPMG), por meio de uma promotora de plantão, solicitou a internação em caráter provisório.
O pedido do MP foi acatado pela juíza, Junia Benevides Souza Bueno, conforme explica a advogada da família da vítima, Daniela de Assis Gomes. “Com a decisão, ela fica internada por um período que pode durar até 45 dias”, afirmou. A menina foi levada a um centro de internação da capital ainda na manhã desta quarta-feira.
A advogada descreveu o comportamento da suspeita durante a audiência ao narrar os fatos que desencadearam a morte da avó. “Se demonstrou fria o tempo todo, como está desde o início. Não demonstrou arrependimento”, revelou sem dar mais detalhes.
Muito abalado, um tio paterno da menor, que preferiu não se identificar, comentou que a família está em estado de choque. “Eu que trouxe ela ao CIA ontem. No caminho, perguntava: O que você fez da sua vida? Por quê? Mas ela não falava nada. Estamos sem entender, porque ela sempre amou a avó”. E completou. “A avó não deixava a gente ter muito contato com ela, a superprotegia, mas é tudo o que sei. Ela não fala nada. Ainda estou tentando entender e superar”, afirmou.
Uma nova audiência, segundo a defesa da família da vítima, será realizada no próximo dia 13. “Enquanto isso, ela fica internada”, confirmou a advogada. Segundo informações de pessoas próximas à suspeita, a menina teria apresentado uma mudança de comportamento após iniciar um relacionamento com um traficante conhecido como Jonathan Boss, que integraria uma gangue do morro do Índio, no bairro Santa Mônica. “Ela (a suspeita) nega qualquer envolvimento de uma terceira pessoa na cena do crime. Somente as investigações poderão elucidar o que realmente aconteceu naquele dia”, comentou a advogada de defesa da família da vítima.
A mãe da menina e outras duas filhas, irmãs da suspeita, que moram em Roraima, na região Norte do país, e o pai da menor, que vive em Portugal, não pretendem vir a Belo Horizonte para acompanharem o caso. “Eles reprovam a atitude dela”. A informação teria sido repassada a advogada por familiares da jovem.
Ela ainda confirmou a nomeação, por parte da Defensoria Pública, de um advogado dativo para representar a adolescente. A reportagem tentou contato com o Tribunal de Justiça (TJMG) e com a Vara da Infância e da Adolescência, mas, até o momento, não teve retorno. Segundo a Polícia Civil, o corpo da vítima permanece no Instituto Médico da Capital onde passa por exames. Não há previsão para a liberação.
Com Portal O Tempo