De acordo com o engenheiro Civil Daniel Machado Rodrigues da Silva, de 32 anos, ele voltava de uma festa de Carnaval, na madrugada desse domingo (23), e foi espancado por PMs por tentar impedir que policiais agredissem um homem em situação de rua, na praça Sete, no Centro de Belo Horizonte.
A namorada dele também teria levado um golpe de cassetete na orelha de um dos policiais.
Daniel disse que os PMs deram uma volta com ele na viatura e que, no percurso, jogaram gás de pimenta em seus olhos. Depois, disse ter sido pisoteado e espancado.
Desabafo
O pai do engenheiro, o psiquiatra Ênio Rodrigues da Silva, de 52, disse que o caso não deve ficar impune.
“Meu filho, um rapaz militante da luta antimanicomial, contra a violência praticada contra as pessoas em situação de rua, estava saindo do Carnaval e presencia uma pessoa sendo agredida por um policial. Ele tenta moderar a coisa, impedir, quando dois policiais se revoltam mais ainda contra esse sujeito que mora na rua”, disse o médico.
Segundo ele, o outro rapaz fugiu e os PMs começaram a agredir o filho dele. “Eu passei a noite inteira no hospital, emocionado, indignado, solitário, com vontade de gritar para o mundo, sabe? É uma coisa sem palavras”, disse o pai.
“O que está acontecendo nesse país? Que movimento é esse que estamos vivenciando? O que isso significa? É muito triste isso!”, desabafou o psiquiatra.
Desacato
De acordo com o boletim de ocorrência da PM, os militares faziam o “escoamento” de foliões da praça Sete e que um homem bêbado dificultava o trabalho deles, quando Daniel surgiu acompanhado da namorada e ficou incitando a população contra os PMs e falando “palavras de baixo calão”. Ao abordar Daniel, ele partiu para a violência, diz o relatório.
Ainda de acordo com o boletim, Daniel fugiu e foi perseguido por dois quarteirões e alcançado pelos PMs. “O autor partiu para cima dos militares, resistindo e dando socos”, diz o BO.
A Polícia Civil informou que registrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra o engenheiro, por desacato, na Delegacia de Plantão, e o liberou.
Resposta
Em nota, a PM disse que Daniel foi conduzido à delegacia por desacato e que ele ainda teria agredido os PMs, tendo um deles sido ferido com maior gravidade, o que causou uma luxação em sua mão direita e o afastou de suas atividades por dois dias. Disse que não admite desvios de conduta e que as pessoas devem denunciar irregularidades aos órgãos competentes.
Com O Tempo