Três homens de 21, 23 e 29 anos suspeitos de pertencer a uma organização criminosa especializada em furtos e arrombamentos de residências de comerciantes chineses foram presos em uma investigação conjunta promovida pelas Polícias Civis de Minas Gerais, de São Paulo e do Distrito Federal. Um rapaz de 27 anos ainda está foragido.
As investigações apontam que os suspeitos fazem parte de uma quadrilha que atua em diversos Estados do País. Segundo o delegado Gustavo Barletta da Polícia Civil, desde 2018 sete ocorrências desse tipo de crime foram registradas em Minas, a última em junho deste ano, no bairro Santa Cruz, na região Nordeste de Belo Horizonte.
“As investigações apontam que essas pessoas oriundas do Estado de São Paulo recebem informações de que chineses que lá vão para adquirir produtos da própria China na 25 de Março. As vítimas fazem cadastro nas lojas e esses são repassados aos criminosos que, de posse das informações, articulam esses ataques em várias partes do Brasil”, explicou o delegado.
A investigadores descobriram que os comerciantes chineses eram os principais alvos da organização criminosa porque a maioria deles está ilegalmente no país e, com isso, teriam receio de depositar quantias em bancos brasileiros. Outro fator que contribuiria para que as vítimas não fizessem denúncias, era de acabarem sendo deportadas para a China, ao procurar uma autoridade policial.
“Esses comerciantes chineses muitas vezes não possuem uma documentação no Brasil. Então eles acreditam que abrindo contas em bancos pode gerar algum tipo de prejuízo fiscal e eles guardam muito dinheiro em suas residências. Os criminosos, de posse dessa informação, resolvem atacá-los a todo momento, em várias cidades da federação, conseguindo subtrair um dinheiro alto, chegando até a R$ 200 mil em um ataque dos criminosos”, afirma o delegado.
Com medo, os comerciantes chineses também preferiam continuar sendo furtados do que registrar um boletim de ocorrência contra os bandidos, fato que também dificultou a investigação.
“Muitos só falam mandarim e tivemos que utilizar de tradutores. Mesmo assim eles tinham medo de denunciar e as vezes falavam que quantias menores tinham sido furtadas”, pontuou o delegado.
O ataque
A polícia calcula que os três presos e o suspeito foragido integram uma quadrilha que é composta por até 70 pessoas e tem atuação nacional. Um dos presos tem traços orientais e utilizaria de suas características físicas para convencer porteiros de condomínios a entrar nos locais para efetuar os furtos, quando os moradores não estariam em casa.
“Eles utilizam esses jovens de até 30 anos para enganar os porteiros e facilitar a entrada do bando para a prática do crime. Muitas vezes ele até enrola o porteiro, fingindo estar falando em mandarim. O porteiro então fica sem jeito de perguntar, fica em uma situação difícil e acaba permitindo que ele entre no local”, afirma.
Antes do ataque, a quadrilha também fazia o monitoramento da rotina das vítimas e chegavam a ligar na casa deles oferecendo serviços, como o de cartão de crédito, apenas para colher mais informações sobre eles.
Presos
Todos os três suspeitos foram presos em São Paulo. O primeiro deles no fim do mês de setembro, após um mandado de prisão ser expedido pela Justiça de Minas. Já os outros dois comparsas foram presos na semana passada, a partir de mandados de prisão expedidos pela Justiça do Distrito Federal.
A Polícia Civil explicou que o quarto integrante que está foragido, de 27 anos, já foi preso pelo mesmo crime em 2018, durante uma operação em Minas Gerais. Na época o rapaz chegou a ficar sete meses no Sistema Prisional mineiro, mas conseguiu liberdade e voltou para São Paulo, onde voltou a integrar a organização criminosa.
A Polícia Civil espera que com a divulgação dos casos ele e outros integrantes da quadrilha também seja encontrados.
Com O Tempo