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Caso Beatriz: Conheça quem é o homem que confessou à polícia ter assassinado a menina a facadas

O homem apontado pela polícia como o assassino de Beatriz Angélica Mota, criança de 7 anos morta a facadas dentro de um colégio particular em Petrolina em 2015, nasceu em Araripina, no Sertão de Pernambuco, e era morador de rua antes de ser preso por outros crimes.

Caso Beatriz — Foto: Montagem/ReproduçãoCaso Beatriz — Foto: Montagem/Reprodução

Marcelo da Silva teve o DNA coletado na primeira semana de janeiro de 2022, ao ser levado para uma audiência no Fórum de Trindade, no Sertão do estado. A polícia disse que ele confessou ter matado Beatriz. Segundo o governo, a motivação foi silenciar a criança, que se assustou ao vê-lo com a faca.

A TV Globo teve acesso ao documento chamado folha de rosto, que reúne as informações sobre o histórico de prisões e crimes cometidos por um detento. Marcelo da Silva nasceu e estava preso no Presídio de Salgueiro por ter cometido um roubo em Petrolina, também no Sertão. Por esse crime, ele cumpre pena em regime semiaberto.

Marcelo também é acusado de um estupro de adolescente de 14 anos, ameaça e cárcere privado. Esses crimes foram cometidos em Ouricuri, outra cidade do Sertão pernambucano. No documento da Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco consta que o caso ainda não foi julgado.

Além disso, outro crime cometido por Marcelo Silva foi o de tentativa de roubo, em Trindade. Esse crime foi julgado, e ele cumpriu a pena em regime semiaberto.

O DNA encontrado na faca utilizada no crime, segundo o laudo pericial, é de Marcelo da Silva. Na terça-feira (11), após ser ouvido por delegados, ele foi indiciado.

Como a polícia chegou até Marcelo

A peça-chave para o esclarecimento do caso foi a faca usada no crime. Os peritos coletaram o DNA no cabo da arma, deixada no local do homicídio. A partir da análise, foi possível comparar com o perfil do assassino.

Segundo informações obtidas pela TV Globo, o DNA da faca foi comparado com o material genético de 124 pessoas consideradas suspeitas ao longo dos seis anos da investigação. Todas essas amostras foram coletadas pelos peritos do Instituto de Genética Forense Eduardo Campos, desde 2015. A perícia constatou que nenhuma delas tinha ligação com o crime.

Na primeira semana de janeiro de 2022, os dados coletados pelos peritos na faca utilizada no crime foram aprimorados, o que possibilitou a inclusão do perfil genético do assassino no Banco Estadual de Perfis Genéticos, da Polícia Científica.

Com isso, foi feito um cruzamento de informações em um programa de computador que reúne 14 mil cadastros de pessoas que estão ou já passaram pelo sistema prisional de Pernambuco . O resultado apontou que o assassino de Beatriz Angélica é Marcelo da Silva, segundo a polícia.

Na mesma semana, a polícia coletou novamente material genético de Marcelo e refez o cruzamento dos dados, chegando à mesma conclusão. O laudo mostra que o perfil genético obtido a partir da amostra é compatível com o DNA da menina e do suspeito.

Entenda o caso

A identificação do suspeito de ter matado Beatriz foi divulgada seis anos, um mês e um dia depois do crime. A menina foi morta em 10 de dezembro de 2015, quando estava na formatura da irmã, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Ela saiu do lado dos pais para beber água e desapareceu. Vídeos registraram o momento em que a menina saía da solenidade.

O corpo dela foi achado dentro de um depósito de material esportivo da instituição com uma faca do tipo peixeira cravada na região do abdômen. A menina também tinha ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores (leia mais abaixo sobre o dia do crime).

Após a identificação e confissão do suspeito à polícia, a mãe da menina, Lucinha Mota, fez uma transmissão na internet para dizer que ainda faltam respostas sobre o assassinato. Para Lucinha, acreditar que o DNA não é suficiente para determinar o autor do crime.

Perícia e investigação

Sete perícias foram realizadas desde o dia do assassinato. O inquérito acumulou 24 volumes, 442 depoimentos e 900 horas de imagens analisadas.

A TV Globo teve acesso exclusivo ao laudo final do Caso Beatriz. Concluído na segunda (10), o documento foi enviado, na terça (11), para a Secretaria Estadual de Defesa Social (SDS) e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

O MPPE informou que já "adotou providências para garantir a segurança do preso, bem como já requisitou perícias complementares à Polícia Científica", mas não entrou em detalhes sobre quais providências foram.

Busca da família por respostas

Depois de passar por oito delegados deferentes, a investigação ficou com uma Força-Tarefa formada por quatro profissionais que passaram a comandar as apurações.

Durante 23 dias, os pais de Beatriz fizeram uma caminhada de mais de 700 quilômetros pedindo por justiça, em dezembro de 2021. Ela costumava afirmar que “a polícia tinha sabotado o inquérito”. Segundo Lúcia Mota, “os assassinos estavam sendo protegidos pela polícia”.

Após a caminhada, os pais da menina se reuniram com o governador Paulo Câmara (PSB), no Palácio das Princesas, sede do governo. O governador afirmou que era favorável ao processo de federalização das investigações.

No mesmo dia, o chefe do Executivo estadual anunciou a demissão do perito Diego Costa, que prestou consultoria ao colégio onde a menina foi morta.

Diante da demissão, a Associação de Polícia Científica afirmou que “estava atenta a todos os desdobramentos do caso, para adotar todas as providências voltadas para a defesa dos interesses do perito criminal Diego e de toda categoria”.

No encontro com os pais da menina, no dia da chegada da caminhada ao Recife, o secretário de Defesa Social, Humberto Freire, reconheceu que “houve dificuldades em momentos da investigação”.

Freire disse também, no dia do encontro, que imagens de câmeras de segurança que tinham sido apagadas foram recuperadas. Um inquérito foi aberto para identificar se foi “uma falha de manuseio” ou se foi intencional.

Nessa ocasião, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora informou que as imagens divulgadas integram o inquérito policial e que as pessoas que aparecem nelas não fazem parte da instituição. Além disso, afirmou que “não houve manipulação ou exclusão de imagens das câmeras”.

Com g1

 



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