A Justiça de São Paulo absolveu a estudante Lorraine Cutier Bauer Romeiro, de 19 anos, conhecida como ‘Gatinha da Cracolândia’, de uma das três acusações de tráfico de drogas.
Em sentença do dia 23 de fevereiro, o juiz Gerdinaldo Quichaba Costa, da 13ª Vara Criminal da Barra Funda, determinou a soltura da jovem. Porém, como ela responde a outros dois processos por tráfico e organização criminosa, a jovem ainda deve permanecer presa no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, segundo os advogados de defesa.
Ao julgar o caso, o juiz entendeu que havia insuficiência de provas que ligassem a jovem ao crime de tráfico de drogas, após ela ter indicado o local onde havia escondido uma mochila com quase 420 quilos de entorpecentes na Rua Helvétia, região da Luz.
No processo, a promotoria narra que ao ser presa em casa, na cidade de Barueri, na Grande São Paulo, a jovem teria indicado aos policiais que havia escondido a mochila em um hotel da região da Cracolândia, que é muito utilizado por outros traficantes de drogas.
Ao chegarem no local indicado, os policiais encontraram a mochila exatamente onde ela supostamente teria relatado onde estavam os produtos.
Durante audiência em juízo, a jovem negou que tivesse indicado aos policiais o local da mochila (entenda mais abaixo).
O juiz entendeu que não houve registro formal da confissão da moça sobre o local da droga, o que levanta suspeitas sobre se o material pertencia realmente à moça, já que estava há mais de 30 quilômetros do local da apreensão.
“Os policiais tiveram a cautela de filmar o momento do encontro das drogas e verifica-se nas gravações que a ré não aparece, mas não houve o mesmo cuidado para se gravar o momento da confissão informal da ré dizendo que havia drogas em local bem distante de onde ela se encontrava e quando ela supostamente teria dito com exatidão em que hotel ou similar estavam as drogas. Por que alguém que estava sendo presa temporariamente por outro processo e cumpria prisão domiciliar por outro, confessaria mais um crime?”, declarou o juiz.
O magistrado também alegou que os investigadores do caso deveriam ter se aprofundado mais nas apurações sobre um celular que teria sido apreendido com a moça, que ligava ela a traficantes da região. Ele também estranhou a ausência de policiais femininas no cumprimento do mandado de prisão na casa onde Lorraine Cutier foi presa, em Barueri.
“Haveria necessidade da presença de policial feminina não somente para o ato da prisão como para acompanhar em todo o trajeto até a Delegacia de Polícia. Constata-se, também, que após ser presa, a ré foi apresentada na Delegacia além do horário que seria comum. Tudo isso gera muita dúvida sobre o que de fato aconteceu naquela ocasião. Em situações dessa natureza, o caminho mais razoável é a absolvição por insuficiência de prova”, disse Gerdinaldo Quichaba Costa.
Audiência judicial
Em novembro de 2021, a influenciadora digital e estudante Lorraine Cutier Bauer Romeiro negou à Justiça ter indicado à polícia o local onde as drogas foram encontradas. E disse que os entorpecentes apreendidos não eram dela. As informações foram divulgadas pela advogada de Lorraine.
Ela e o namorado, André Luís Santos Almeida, conhecido como “China”, foram presos em 22 de julho após serem identificados pela Polícia Civil como traficantes durante a Operação Caronte. A ação iniciada em fevereiro busca combater o tráfico na Cracolândia, onde além da venda há também consumo de drogas por usuários.
Por causa da pandemia de coronavírus, o depoimento ocorreu feito por videoconferência. Lorraine é ré em três processos: dois por tráfico de drogas e um por organização criminosa.
A estudante e o namorado foram detidos pela polícia na casa onde moravam com a filha dela de nove meses em Barueri, na região metropolitana. Os dois foram acusados de guardar crack, maconha, ecstasy e lança-perfume no imóvel.
Atualmente ela cumpre prisão preventiva na Penitenciária Feminina de Franco da Rocha, na região metropolitana. André também está preso pela mesma acusação.
Como influencer, Lorraine se apresentava como Lo Bauer nas redes sociais e tinha mais de 50 mil seguidores no Instagram antes de ser detida. De acordo com a denúncia do MP, a vida de luxo que ela mostrava nas fotos e nos vídeos era sustentada pelo tráfico.
Com g1