‘Você parece uma louca que saiu do hospício’. Isso foi o que uma menina de 11 ouviu de um professor sobre os seus cabelos dentro de uma das salas de aula da Escola Estadual Odilon Peres, no bairro Coração Eucarístico, na região Noroeste de Belo Horizonte. O docente ainda teria dito para a criança prender os fios com uma gominha. Nesta segunda (19), Secretaria de Educação de Minas Gerais enviou uma equipe para apuração dos fatos.
“Nós fomos pegar um salgadinho para a tia-avó dela que estava lá em casa quando, de repente, ela começou a contar o que o professor disse sobre o cabelo dela. Ele disse que ela parecia uma aluna que tinha saído do hospício. Ele ainda perguntou se ela não tinha uma buchinha pra prender o cabelo. Ela contou isso com os olhos cheios d’água,” contou a mãe da menina, Rosângela Figueiredo. O episódio ocorreu na última quarta-feira (14).
Na sala de aula, a garotinha contou que tentou segurar o choro após o comentário racista do professor. “Ela contou que houve um momento em que o professor teria virado pra ela e dito que ela teria que chorar direito, se não, iria dar uma ‘sapatada’ nela. Um absurdo completo”, contou. “Doeu muito nela, ela chorou comigo, com a avó, com a madrinha, com o pai… Ela chorou com todo o mundo”, acrescentou.
Foram os colegas que se solidarizaram com a garotinha e chamaram a atenção do docente. Eles chamaram a atenção do professor. Mas já era tarde demais e o prejuízo já foi causado”, disse a mãe.
Agora, a família pede que o professor seja responsabilizado. Isso porque a mãe não quer que a garota continue na escola após o episódio. “Eu pedi o afastamento do professor. Mas, no final da conversa a vice-diretora sugeriu que o senhor não estivesse bem e que ela ajudava a procurar outra escola para minha filha mais perto de casa. O que isso dá a entender?”, questiona
Após passar por esse tipo de situação, a criança pode sofrer traumas psicológicos, causados por preconceito. “Quando uma criança sofre uma ação como essa – que é violenta – ela pode desencadear um transtorno de estresse pós-traumático com efeitos emocionais e físicos.”, disse a psicóloga infantil Cecilia Antipoff.
O que diz a Secretaria de Educação de Minas Gerais
Procurada por nossa reportagem, a Secretaria de Educação de Minas Gerais informou que enviou na manhã de hoje uma equipe de inspeção escolar à escola para apurar os fatos.
Além disso, uma equipe multidisciplinar, segundo a secretaria, acompanha o caso para proceder com os encaminhamentos necessários – desde o acolhimento a estudante e a família, até a reorientação da equipe da escola e adoção das medidas administrativas cabíveis. A nota não informa se o professor que teria cometido ar de injúria racial vai ser desligado do estado.
Com Itatiaia