Nesta semana, um atirador de elite atirou contra um sequestrador em Belo Horizonte e duas vítimas, entre elas um menino de 7 anos. Eles foram libertados sem ferimentos após mais de 16 horas.
Fim de tarde de quarta-feira (21). A Polícia Militar (PM) é informada de uma ocorrência de sequestro e cárcere privado em uma casa na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte. No imóvel, um menino de 7 anos e um jovem de 23 são mantidos reféns pelo ex-padrasto da criança.
Várias viaturas vão para o local e, por horas, é tentada uma negociação com Leandro Mendes Pereira, mas, diante da relutância do sequestrador e risco de morte dos reféns, o sniper – atirador de elite da polícia – entra em ação. Leandro, de 39 anos, foi baleado e as vítimas liberadas sem nenhum ferimento após mais de 16 horas em poder dele.
Mas, afinal, em quais situações o atirador é acionado e como é a preparação dele?
A major Layla Brunnela, porta-voz da corporação, explica que o sniper faz parte do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e se prepara por dois anos para desempenhar a função.
“O sniper é um policial militar preparado durante anos para desempenhar a função, realizar o tiro de comprometimento, que é o último estágio dentro do uso da força. Para atuar no Bope, a exigência básica é passar pelo Curso de Operações Especiais (Coesp)”, explicou.
O Coesp dura quatro meses e, durante este período, o policial tem dedicação exclusiva ao curso e não é acionado para outras atividades da corporação. Ações aéreas e em matas fazem parte do treinamento.
Após ingressar no Bope, o militar precisa de mais 24 meses de preparo para, só então, se tornar um sniper.
“O Bope, no contexto geral, atua em ocorrências complexas e no gerenciamento de crise, como em casos de sequestro, cárcere privado e ameaça à vida”, detalhou a major.
Quem autoriza o disparo do sniper?
Ainda conforme a porta-voz da PM, o sniper entra em ação quando:
cessa a possibilidade de negociação
há risco iminente
o autor do crime demonstra que pode atentar contra a própria vida
o autor do crime demonstra que contra a vida de outras pessoas
“Essa determinação (para atirar) é do comando da própria unidade, o Bope, e do Comando de Policiamento Especializado. Antes dessa determinação, a corporação e o governo do estado são comunicados”, informou a porta-voz.
Após a autorização para atirar, o sniper é quem vai decidir o melhor momento para disparar. Ele é abastecido com informações do desenrolar das negociações por outros policiais.
“O sniper, semanalmente, faz a prática de disparos. Ele precisa estar sempre apto e manter a qualidade nos disparos. Além da questão técnica, ele precisa estar preparado emocionalmente e psicologicamente. Ele permanece horas na mesma posição sabendo que, muito provavelmente, vai fazer um disparo letal contra alguém. É uma função extremamente importante que não permite erro. O Bope tem psicólogos que atendem especificamente o batalhão”, detalhou a major.
Após a atuação em uma ocorrência, como ocorreu nesta semana, o sniper é conduzido ao comandante do Bope e é lavrado o auto de prisão em flagrante. Ele não ficou preso por haver indícios de que a ação foi legal, mas a corporação abriu um procedimento interno.
O sequestrador baleado segue internado no Hospital de Pronto Socorro João XXIII.
Por estratégia de segurança, a Polícia Militar não informa quantos snipers têm em Minas Gerais.
Com g1