Begoleã Mendes Fernandes, de 26 anos, é acusado de ter assassinado Alan Lopes, de 21 anos, com golpes de faca e de ter tentado fugir para o Brasil levando pedaços de carne humana na mala. A família de Begoleã alega legítima defesa, enquanto os parentes da vítima querem que seja feita uma investigação. O Itamaraty está acompanhando o caso.
Begoleã foi preso no aeroporto de Lisboa enquanto tentava embarcar para Belo Horizonte, Minas Gerais. Seu passaporte e permissão de residência na Itália eram falsificados. Roupas sujas de sangue e pedaços de carne suspeita foram encontrados em sua bagagem. A polícia descobriu que Fernandes era procurado pelas autoridades holandesas por homicídio.
O acusado confessou ter matado Alan Lopes em legítima defesa na casa da vítima em Amsterdã, e análises do Instituto Médico-Legal de Lisboa confirmaram que a carne encontrada em sua bagagem era humana. Fernandes alegou que Alan o obrigou a comer carne humana e tentou matá-lo, mas ele conseguiu pegar a faca e matá-lo. Ele pegou os pedaços de carne na casa de Alan para entregá-los à polícia. A procedência da carne na bagagem de Fernandes ainda é desconhecida, e seu celular foi apreendido para perícia.
A mãe do suspeito, Carla Pimentel, afirmou que ajudou seu filho a fugir de Amsterdã depois que ele cometeu um crime. Ela disse que seu filho mudou-se para a Holanda para se tornar lutador, mas que seu amigo, Alan, o envenenou com carne humana e depois mostrou a ele vídeos de outras pessoas que ele matou. Seu filho, então, teria sido atacado por Alan e se defendeu com uma faca, matando-o.
Carla, ajudou seu filho a fugir de Amsterdã após ele ter sido atacado pelo amigo Alan. Ela o levou para Bruxelas e comprou uma passagem para o Brasil, onde planejaram retornar a Amsterdã com um advogado. Enquanto isso, na cidade mineira de Matipó, onde o suspeito cresceu, os moradores ficaram chocados com a notícia do crime. Um antigo colega de escola descreveu o suspeito como uma pessoa tranquila com um sonho de se tornar lutador.
De acordo com um comerciante local, o suspeito estava abalado desde a morte do irmão mais velho em 2019, e havia postado nas redes sociais sobre a perda. Em uma postagem, ele expressou seu amor pelo irmão, e em outra, se descreveu como “2% gênio e 98% louco”.
A família de Alan, que vive na Holanda há sete anos, espera que a polícia conclua as investigações sobre a morte do familiar. Segundo a irmã de Alan, Begoleã vivia com eles há três anos e Alan emprestava dinheiro para ele, mas ela negou que o crime tivesse motivação financeira e que Alan fosse canibal. Acredita-se que o suspeito possa ter agido em surto psicótico.
Begoleã está preso em Lisboa aguardando extradição para a Holanda, onde deverá responder por homicídio. Se for confirmado o canibalismo, ele poderá ser condenado à prisão perpétua. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou que está prestando assistência ao brasileiro em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local, mas informações detalhadas só serão repassadas com autorização dos envolvidos.
Da suspeita de canibalismo e tráfico de órgãos
Quando policiais da imigração abriram a mala de Begoleã para verificar o que ele carregava, levaram um susto ao encontrar pedaços de carne e roupas sujas de sangue. Imediatamente, consultaram o sistema de pedidos de prisão internacional e identificaram o alerta partido da cidade holandesa. Nas muitas horas em que ficou sob a custódia do SEF, o mineiro deu uma série de versões sobre o crime, mas insistiu no fato de que aquelas carnes haviam sido pegas na casa de Alan.
Segundo ele, uma forma de provar que o morto praticava canibalismo e vendia carne humana onde trabalhava. Para os agentes, aquela história não fazia muito sentido. A mãe de Alan afirma que o suspeito está em um delírio e que o filho não faria isso.” A justiça vai provar que o meu filho nunca fez nada de errado, ele foi vítima de pessoa que está fora de si”, disse.
Antônia ainda conta que o filho não via maldade nas pessoas e que ela sempre o alertou sobre isso. “Às vezes eu me deparei com pessoas estranhas no quarto do meu quintal. Aqui não tem muro, como no Brasil, e o Alan trazia pessoas em condição de rua para ficar”, diz.
Ainda segundo ela, o filho arrecadava fundos para ajudar as pessoas na Turquia e estava ajudando o suspeito a arrumar um emprego.
Tanto a polícia de Portugal quanto a da Holanda procuram manter silêncio sobre as investigações. Nem mesmo os familiares de Alan têm tido acesso ao que vem sendo apurado em Amsterdã, como já revelou a irmã dele, Kamila Lopes. As suspeitas são muitas, sobretudo diante dos vários depoimentos que vêm sendo tomados. Há, também, acusações de familiares de Begoleã e da mãe, Antônia, e da irmã de Alan, o que torna o assassinato ainda mais intrincado. Além de canibalismo, há insinuações de uso de drogas e de tráfico de órgãos humanos.
Da redação, Djhessica Monteiro,
Fonte: O Tempo.