O Ministério Público do Estado (MP-SP) e o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) estão investigando acusações de agressão física, sexual e psicológica feitas contra o juiz Valmir Maurici Júnior, da 5ª Vara Cível de Guarulhos, por sua esposa durante o processo de separação do casal. Em uma entrevista ao portal G1, a vítima relatou uma rotina de violência e abuso, incluindo ameaças e agressões físicas, além de relações sexuais não consentidas.
De acordo com a esposa, o comportamento do juiz mudou ao longo do tempo, e ele se tornou cada vez mais explosivo. Ela afirmou que tentou terminar o casamento diversas vezes, mas o juiz não permitia. Ela também relatou que evitava compartilhar as violências com amigos e familiares por vergonha do julgamento social. Ela entregou vídeos que comprovam as agressões, incluindo uma gravação que, segundo ela, registra uma relação sexual não consentida.
“Ele escreveu vários motivos para eu ser castigada, por coisas que eu fiz e que deixam ele irritado. Não pegar o carrinho grande no supermercado e pegar o pequeno, que eu merecia apanhar por aquilo. Ele nunca me pedia nada, ele mandava”, contou ela.
“A violência nunca consenti, com nenhuma violência. Mas eu era casada, e eu me via em situações que eu nunca imaginaria, que eu não queria estar naquela situação. Então, eu não tinha opção, eu não tinha uma escolha”, concluiu.
Ela relatou ainda que se sentia culpada e envergonhada:
“Por que ele faz isso comigo? Eu não queria, sabe, falar para a minha família, falar para as minhas amigas. Eu tinha vergonha. Então, eu só queria manter meu casamento. Não queria ser julgada socialmente pelas pessoas.”
Em janeiro, a esposa obteve uma medida protetiva na Justiça, com base na Lei Maria da Penha, que proíbe o juiz de se aproximar e manter contato com ela e seus pais e familiares. Na mesma decisão, Maurici Júnior foi obrigado a entregar sua arma de fogo, a qual tinha direito por ser magistrado.
O MP-SP abriu uma investigação sobre o caso e, segundo relatos, acredita que o juiz demonstrou comportamento violento, manipulador e desviado. No entanto, a defesa técnica do magistrado, por meio de seus advogados Marcelo Knopfelmacher e Felipe Locke Cavalcanti, nega veementemente as acusações e repudia os vazamentos ilegais de processos que correm em segredo de justiça.
Da redação
Fonte: G1