Seis indivíduos foram detidos em Minas Gerais, nesta quarta-feira, 18 de outubro, em uma operação conjunta da Polícia Federal (PF), Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP) visando combater a pornografia infantil. Esses indivíduos foram presos por envolvimento na produção, distribuição e posse de material de exploração sexual de crianças e adolescentes. Este é apenas o primeiro desdobramento da operação, que tem como alvo sites de compartilhamento de arquivos, como os que utilizam a tecnologia Torrent, com as autoridades monitorando de perto cada atividade.
Um dos indivíduos detidos é um homem de 20 anos, residente no bairro Vale do Jatobá, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Além de consumir conteúdo de pornografia infantil, ele está sendo investigado pela PCMG por suspeita de estupro de duas meninas de sete anos, uma das quais é sua sobrinha e a outra sua vizinha. Em Bambuí, na região Centro-Oeste do Estado, um fotógrafo de 34 anos, especializado em fotografia infantil, foi preso sob suspeita de produzir e armazenar conteúdo de pedofilia, com agravante de ter abusado de sua enteada, de apenas 2 anos.
No total, 27 mandados foram executados durante a manhã desta quarta-feira nas cidades de Belo Horizonte, Bambuí, Divinópolis, Ipatinga, Juiz de Fora, Montes Claros, Uberaba, Uberlândia e Varginha. Quatro dos suspeitos foram detidos em flagrante pela Polícia Federal, enquanto outros dois estão sob investigação da Polícia Civil. Durante as operações, foram apreendidos computadores, pendrives, discos rígidos e celulares, além de conteúdo online.
De acordo com o delegado da Polícia Federal, Igor Cedrola, as redes usadas para compartilhamento de arquivos de pornografia infantil deixam rastros que permitem a identificação dos usuários por seus dispositivos. Isso possibilita que a polícia estabeleça uma lista de suspeitos envolvidos em crimes que variam desde a posse de material de exploração infantil até o estupro de menores.
“A internet sempre deixa rastros. As redes mais utilizadas para esse tipo de atividade operam de forma descentralizada (P2P), sem um servidor fixo, onde cada usuário age como um servidor automático. Cada vez que você acessa, deixa um registro de sua localização”, explica Cedrola.
O delegado enfatiza que a polícia possui capacidades avançadas para identificar suspeitos e está em colaboração com as agências de segurança estaduais e municipais para garantir que os responsáveis sejam responsabilizados. “Os criminosos sabem que, em algum momento, serão capturados. Embora o crime evolua, a inteligência policial também evolui. E os crimes abrangem desde violações de propriedade intelectual até abuso sexual infantil”, acrescenta.
A delegada Cristiana Angelini, da Delegacia Especializada de Investigação à Violência Sexual, destaca que o monitoramento das atividades ilegais na internet é constante. “Nosso principal objetivo é punir e desencorajar os agressores. Crianças e adolescentes são os mais vulneráveis na internet, e é por isso que nosso monitoramento ocorre 24 horas por dia, todos os dias. A internet não é uma zona sem lei; ela está sob nossa vigilância. Isso é evidenciado pela nossa capacidade de alcançar vários alvos no interior do Estado e na Região Metropolitana de Belo Horizonte”, ressalta.
No momento, não há um prazo definido para a avaliação do material apreendido na operação, chamada de “Mais Fortes que o Mal”. Contudo, à medida que essa análise avance, as vítimas serão identificadas, e a investigação prosseguirá. Os suspeitos enfrentam penas que variam de até quatro anos de prisão por posse de material de exploração infantil, até 15 anos de prisão nos casos de estupro de vulnerável, com duração intermediária de até seis anos se for confirmada a produção dos vídeos.
Da redação com O Tempo