Preços atrativos e promoções irresistíveis são prometidos pelo comércio, tanto físico quanto virtual, durante a Black Friday, um evento anual sempre realizado na última sexta-feira de novembro. No entanto, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) adverte os consumidores a exercerem cautela para evitar prejuízos e não caírem em golpes. A delegada Elyenni Célida, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor, destaca que as ocorrências mais frequentes são relacionadas a compras em sites e perfis de redes sociais falsos, assim como a aquisição de produtos falsificados comercializados como originais.
Para aproveitar ao máximo as ofertas desse período, a PCMG oferece algumas orientações aos consumidores. A titular da delegacia recomenda que, antes de efetuar qualquer compra, é crucial realizar pesquisas e refletir sobre a real necessidade do produto ou serviço. Compras impulsivas aumentam a vulnerabilidade do consumidor a golpes.
“Ao pressa para adquirir um produto ou serviço, o usuário acaba negligenciando a verificação do valor, que pode aparecer sem o desconto aplicado”, alerta a delegada Elyenni.
Desde o início do processo de compra, é essencial que o consumidor preste atenção aos detalhes, como o valor total e as parcelas, juros, prazo de entrega, custo do frete e, especialmente, se há inclusão, de forma oculta, de algum tipo de seguro ou garantia estendida não autorizada pelo comprador.
Outra recomendação é pesquisar os preços dos produtos antecipadamente, a fim de verificar se houve a prática do “tudo pela metade do dobro”, onde as empresas aumentam os preços dias antes da Black Friday para, durante o evento, ajustá-los aos valores originais.
Casos em que produtos são anunciados com preços muito abaixo dos praticados no mercado também demandam atenção, pois podem indicar fortes indícios de fraude.
Compras pela internet
Mesmo para usuários experientes, o ambiente digital pode esconder armadilhas. A delegada Elyenni destaca que no Brasil, a cada sete ou oito segundos, ocorre uma fraude por meio de compras virtuais, conforme revelado por um levantamento da Serasa Experien.
Por essa razão, é recomendável optar por sites conhecidos. A reputação das empresas pode ser verificada no site consumidor.gov.br, e o Procon disponibiliza uma lista de endereços eletrônicos que devem ser evitados, disponível aqui.
A Polícia Civil de Minas Gerais ressalta a importância de ter cuidado com sites estrangeiros e ofertas recebidas por meio de redes sociais ou e-mails, mesmo quando provenientes de contatos conhecidos. Nestes casos, a orientação é realizar a compra diretamente no site da empresa, digitando o endereço no navegador.
Durante a Black Friday, muitos criminosos aproveitam para enviar e-mails ou mensagens aos usuários, alegando a confirmação de uma compra ou relatando problemas com um produto. Essa tática, conhecida como phishing, visa induzir as vítimas a clicar em links fraudulentos e fornecer seus dados bancários e outras informações, alerta a delegada.
Além disso, é crucial que o consumidor mantenha o antivírus atualizado no dispositivo utilizado para a compra e escolha uma rede confiável, evitando redes públicas. Para verificar a segurança do site, é aconselhável conferir o “https” na URL, observar o cadeado na barra de navegação e buscar pela inscrição “Site Seguro”.
Cuidado com as formas de pagamento
O Pix e o cartão de crédito são formas mais seguras de efetivar o pagamento, se comparadas ao boleto bancário. No entanto, o consumidor deve estar atento a empresas que só aceitam boletos bancários, Pix ou transferências. Todas as formas de pagamento exigem precauções:
- Pix: conferir dados do recebedor e redobrar os cuidados quando o beneficiário é pessoa física;
- Boleto bancário: conferir todos os dados, como nome da empresa, data, CNPJ, entre outros;
- Cartão de crédito: optar pelo cartão virtual único (oferecido pela maioria das instituições financeiras por meio de aplicativo), nunca entregar ou enviar fotos do cartão e não salvar dados de cartão para compras futuras;
- Cartão por aproximação: qualquer pessoa que tiver acesso realiza compras facilmente, por isso, atenção redobrada.
Caí no golpe, e agora?
O consumidor deve denunciar o crime, seja em uma delegacia da Polícia Civil ou por meio da Delegacia Virtual, em caso de estelionato.
Para isso, é fundamental que o denunciante reúna todos os registros de interação com os golpistas para auxiliar nas investigações. “Salve todas as informações relativas à compra, desde o anúncio do desconto até a nota fiscal”, orienta Elyenni Célida.
Quanto ao registro de ocorrência na Delegacia Virtual, o sistema gera uma mensagem ao usuário, por e-mail, informando o número do Registro de Evento de Defesa Social (Reds), bem como a forma de acessá-lo no site do Sistema Integrado de Defesa Social (Sids), para imprimi-lo.
“O documento pode ser usado para fins de acionamento da seguradora, comprovação de extravio de documentos e outros fins. O registro on-line tem o mesmo valor legal do procedimento realizado de forma presencial”, explica a delegada.
A delegada Elyenni alerta que, para dar prosseguimento às investigações, é necessário que o denunciante faça o pedido de representação. “É importante procurar a delegacia mais próxima da residência para representar, ou seja, informar às autoridades que deseja dar início às investigações”, orienta.
Cartilhas
A Polícia Civil dispõe de uma cartilha com os principais golpes cometidos atualmente, além de uma cartilha com informações sobre direitos do consumidor. Os documentos com essas informações podem ser acessados por meio do site da PCMG.
Da Redação com Agência Minas