Um empresário de uma rede de cosméticos de Camaçari, na região metropolitana da Bahia, foi preso pela Polícia Civil de Minas Gerais nessa quarta-feira (24). O homem de 34 anos é investigado por estuprar, extorquir e fazer uma mineira de escrava sexual por pouco mais de três anos. Não é a primeira vez: o agressor foi indiciado em 2016 por aliciar e fazer cerca de 40 mulheres escravas sexuais na Bahia.
De acordo com a investigação da Delegacia Especializada de Combate à Violência Sexual (DECVS) em Belo Horizonte, o investigado, que foi denunciado por estupro, também obrigava a vítima, de 38 anos, a se prostituir e a filmar as relações sexuais com os clientes. Os vídeos eram vendidos em plataformas de pornografia e todo o lucro ficava com o agressor.
Os crimes começaram em setembro de 2020, quando o investigado se passou por uma mulher para se aproximar da vítima por meio da troca de mensagens. A mulher havia acabado de se mudar para Camaçari. “Ela relatou que foi procurada pelo investigado, via WhatsApp, oferecendo à vítima a possibilidade de fazer fotos nuas sem a divulgação do rosto dela. Diante da fragilidade emocional e também necessitando do dinheiro, ela acabou aceitando, pensando que receberia o dinheiro e encerraria esse ‘contrato’”, afirma a delegada Larissa Mascotte, que preside o inquérito policial.
Com as imagens em mãos, no entanto, o agressor passou a ameaçá-la, divulgando o conteúdo. Em um dos encontros presenciais, o investigado estupra a vítima, filma o crime e reúne mais material pornográfico. “Nesse momento, ele intensifica as ameaças. Ele ainda pega o celular dela, instala um aplicativo espião e passa a exercer total controle da sua vida. Ele teve acesso a chamadas telefônicas, mensagens, aplicativos, redes sociais, localização, inclusive escuta da vítima”, continua a delegada Mascotte.
Escrava sexual
A investigação concluiu que a mulher foi levada, de forma coercitiva, a ser uma profissional do sexo sem receber nada em troca. “Com cem por centro de controle sobre ela, o investigado começou a fazer da vítima uma escrava sexual, obrigando-a a fazer programas sexuais com outras pessoas, sem repassar qualquer valor para ela”, relata.
Mesmo quando a mulher retornou para Belo Horizonte, ela continuou a ser vítima do investigado. “Além de não receber pelos programas sexuais, ele exigia parte do salário dela em troca de ter as vidas dela e da família preservadas. E quando ela tenta se rebelar contra a situação, o agressor fala para ela se matar e a todo tempo induz a mulher a suicídio”, complementa a delegada.
O homem foi encaminhado para o sistema prisional à disposição do Poder Judiciário baiano. Seus dispositivos eletrônicos e o aparelho celular foram apreendidos. Em Minas Gerais, a investigação prossegue pela PCMG para identificação de possíveis novas vítimas.
Para a delegada Renata Ribeiro, que está respondendo pelo Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família (Defam), o crime está relacionado ao gênero. “Esse é um exemplo de misoginia e masculinidade tóxica, já que um indivíduo que pratica esses atos sem qualquer afeto pelo gênero feminino realmente demonstra uma aversão a mulheres, principalmente ao buscar mulheres em situação fragilizada para minar a autoestima da mulher”, afirmou.
Entre os crimes que o suspeito poderá responder, estão:
- indução ao suicídio,
- perigo para a vida ou saúde de outrem,
- extorsão,
- estupro,
- perseguição (ou stalking),
- violência psicológica,
- invasão de dispositivo informático alheio,
- registro não autorizado da intimidade sexual,
- divulgação de cena de sexo ou de pornografia,
- mediação para servir a lascívia de outrem com emprego de grave ameaça,
- rufianismo (ato criminoso de tirar proveito da prostituição alheia),
- e favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual
Com O Tempo