O vereador Cláudio Caramelo vive uma situação curiosa com relação a sua cessão da Cemig para o município na administração passada. Servidor de carreira da Cemig, Caramelo foi eleito vereador ano passado e hoje concilia as duas atividades. Porém, antes de ser parlamentar, trabalhou por quatro anos na prefeitura, cedido pela Cemig, que exigiu que o município arcasse com seus salários e contribuição previdenciária. Em 2012, a prefeitura não pagou a empresa de energia que cobra R$ 120 mil da atual gestão.
Caramelo é funcionário da Cemig há 24 anos e, em 2009, foi convidado pelo então prefeito de Sete Lagoas, Mário Márcio Maroca (PSDB), para exercer a função de coordenador de iluminação pública. Caramelo aceitou a tarefa e começou a trabalhar em julho de 2009 com a expansão da rede de iluminação pública.
Pelo acordo feito entre a prefeitura e a Cemig, a concessionária de energia cedia o servidor com ônus total para a administração municipal. Ou seja, ficaria a cargo da prefeitura restituir à Cemig os salários, férias, participação nos lucros e contribuições previdenciárias pagas a Caramelo. No entanto, Maroca deixou de efetuar o pagamento à empresa em agosto de 2011. Com isso, a dívida acumulada da administração municipal com a concessionária ultrapassa mais de R$ 120 mil.
“O Caramelo trabalhava para o prefeito anterior e fez política com esse cargo, tanto que foi eleito vereador. O prefeito que requisitou não pagou a Cemig. Estou pagando, a pedido dele. Ele me pediu quase chorando”, conta o atual prefeito de Sete Lagoas, Márcio Reinaldo (PP).
O parlamentar contesta a versão do chefe do Executivo municipal. “O prefeito me procurou e pediu para continuar na função e que conseguiria a cessão da Cemig de graça. Agora ele está espalhando que não consegui voltar ao cargo e, por isso, estou votando contra os projetos de interesse do Executivo”, retruca o vereador. Caramelo continua trabalhando na empresa e recebe cerca de R$ 4 mil mensais.
O caso de Caramelo ilustra uma prática comum nos órgãos públicos, de servidores concursados aproveitarem o momento político ou motivações pessoais para “trocar” de emprego. Para se ter uma ideia, do total de 55 mil servidores do Estado, 9.763 estão deslocados para exercerem funções em outro órgão. Na maioria dos casos, o ônus pelo pagamento do salário fica por conta do órgão de origem.
Com informações de Hoje em Dia