A facada sofrida pelo então candidato à presidência Jair Bolsonaro em setembro de 2018, perpetrada por Adélio Bispo, está prestes a completar seis anos, mas continua gerando desinformação e distorções de ambos os espectros políticos.
O incidente voltou a ganhar destaque após o ataque a Donald Trump neste sábado (13), na Pensilvânia, EUA. Logo após o atentado, o deputado federal André Janones (Avante), um dos aliados mais influentes do presidente Lula nas redes sociais, publicou: “Agora sabemos o que o miliciano foi fazer nos EUA assim que deixou a presidência. É a ‘Fakeada’ fazendo escola”.
No domingo (14), Carlos Bolsonaro (PL), vereador do Rio de Janeiro e filho de Bolsonaro, compartilhou um vídeo de uma antiga entrevista do ex-ministro petista José Dirceu. Na postagem, Carlos sugere que Dirceu teria chamado a facada de “erro nosso” – distorcendo as palavras do petista.
Essas postagens demonstram como o ataque a Bolsonaro continua a ser usado para sustentar narrativas falsas.
O próprio presidente Lula (PT) levantou questionamentos sobre o incidente em entrevistas. “Aquela facada tem algo muito estranho, uma facada que não aparece sangue em nenhum momento. O cara que dá a facada é protegido pelos seguranças do Bolsonaro, a faca que não aparece em nenhum momento”, disse ele em 2019 à rede TVT.
Segundo médicos, a ausência de sangue é normal, pois a hemorragia ocorreu internamente, já que a musculatura abdominal se contraiu, bloqueando o sangramento externo.
Um documentário autointitulado, lançado pela TV 247, também tentou lançar dúvidas sobre o ataque. “Bolsonaro e Adélio, Uma Fakeada no Coração do Brasil” alcançou centenas de milhares de visualizações antes de ser removido do YouTube por violar os termos de serviço da plataforma, disseminando informações falsas e contraditórias, como revelou a Folha de S. Paulo em 2021.
À direita, o ex-presidente Bolsonaro, seus filhos e aliados insistem na teoria de que Adélio não agiu sozinho e criticam a Polícia Federal por não investigar supostos mandantes do crime. Eles lembram que Adélio foi filiado ao PSOL. O diretório do PSOL de Uberaba (MG), onde Adélio foi filiado de 2007 a 2014, foi investigado pela PF. Adélio nunca participou de reuniões e se desligou por conta própria, pois o partido não quis lançá-lo como candidato a deputado federal.
Bolsonaristas também se referem a um vídeo gravado no dia da facada – e compartilhado pelo próprio Bolsonaro – onde alguém parece dizer “calma, Adélio”. A PF concluiu posteriormente que a pessoa disse “calma, velho”.
com informações de O Tempo