A cerimônia de posse de Nicolás Maduro, marcada para sexta-feira (10), ocorre sob a sombra de denúncias de fraude eleitoral e com baixa participação de líderes internacionais. Enquanto o PT, partido do presidente Lula e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) confirmaram presença, o governo brasileiro deve enviar sua embaixadora em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira.
O PT será representado por quatro membros, incluindo figuras de sua executiva nacional e lideranças do Foro de São Paulo. Já o MST, aliado histórico do chavismo, enviará João Pedro Stedile, líder do movimento, junto a outros militantes.
As eleições de 28 de julho, que garantiram um novo mandato a Maduro, foram marcadas por graves irregularidades. A principal adversária, María Corina Machado, foi inabilitada antes do pleito, permitindo que o opositor Edmundo González assumisse a disputa. Mesmo assim, organizações independentes e o Centro Carter apontaram González como o verdadeiro vencedor, com resultados que indicariam sua vitória.
Maduro, no entanto, declarou-se reeleito, enquanto González permanece exilado em Madri. A ditadura afirmou que ele será preso caso retorne ao país, mas González prometeu ir à Venezuela no dia da posse para reivindicar sua vitória.
O regime chavista enfrenta crescente isolamento diplomático. Países como Argentina, Uruguai, Paraguai e os Estados Unidos já reconheceram González como vencedor. O Brasil, no entanto, mantém uma posição ambígua, reconhecendo a legitimidade de Maduro em nível bilateral, mas evitando chamá-lo de presidente reeleito.
A Colômbia, governada por Gustavo Petro, adotou postura semelhante e deve enviar apenas seu embaixador. No México, a presidente Claudia Sheinbaum confirmou que enviará um representante, mas não estará presente.
Maduro reforçou os laços com o MST, anunciando uma parceria para produção agrícola em 10 mil hectares no estado de Bolívar, próximo à fronteira brasileira. A posse, no entanto, ocorre em um ambiente de tensão, com protestos convocados tanto pela oposição quanto pelo regime para a véspera do evento. Há temor de repressão violenta.
A expectativa é de que Maduro siga no poder por mais seis anos, enquanto a crise econômica e política na Venezuela continua a alimentar uma migração massiva para o Brasil e outros países da região.
com Folha de S. Paulo