Durante mais uma fase da Operação Overclean, deflagrada nesta sexta-feira (27), a Polícia Federal encontrou grandes quantias de dinheiro vivo escondidas em gavetas de closet na casa do ex-prefeito de Paratinga (BA), Marcel José Carneiro de Carvalho (PT). Os maços de notas — de R$ 50, R$ 100 e R$ 200 — estavam em cômodos da residência do ex-gestor, um dos alvos dos 16 mandados de busca e apreensão expedidos.

Foto: Reprodução/Polícia Federal
A operação é parte de uma investigação que apura o desvio de recursos de emendas parlamentares, com foco em políticos e empresários envolvidos em um esquema que pode ter movimentado até R$ 1,4 bilhão por meio de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, fraudes em licitações e contratos administrativos.
Entre os investigados está o deputado federal Félix Mendonça (PDT-BA), que teve o sigilo telefônico quebrado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). O assessor dele, Marcelo Chaves Gomes, apontado como operador financeiro do esquema, foi afastado do cargo e também teve residência e local de trabalho vasculhados.
Dois prefeitos da Bahia — Humberto Raimundo Rodrigues de Oliveira (Ibipitanga) e Alan Machado (Boquira) — foram afastados dos cargos por suspeita de participação direta no esquema, além de serem alvos de mandados de busca. Segundo a PF, todos esses gestores têm ligação política com o deputado investigado, e suas cidades receberam repasses suspeitos de emendas.
A investigação teve início a partir de denúncias relacionadas ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e revelou a atuação do empresário Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, apelido dado pelos contratos milionários firmados na área de limpeza urbana.
Ligado ao partido União Brasil, Moura chegou a ser preso preventivamente na primeira fase da Overclean, mas foi solto posteriormente por decisão do TRF-1. Documentos encontrados pela PF indicam a venda de um imóvel de sua empresa ao deputado Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, o que levou o caso ao STF.
A Overclean já passou por outras três fases antes da ação desta sexta:
- 2ª fase (dezembro de 2024): Prendeu o vice-prefeito de Lauro de Freitas, Vidigal Cafezeiro (Republicanos), além de bloquear bens e afastar servidores públicos.
- 3ª fase (abril de 2025): Teve como alvo o então secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral, de cuja residência foram recolhidos dólares, euros, joias e relógios de luxo.
As investigações revelam uma possível organização criminosa estruturada para fraudar contratos, superfaturar obras públicas e redirecionar verbas para empresas e aliados políticos, ignorando regras de transparência e impessoalidade exigidas pela administração pública.
A operação tem autorização do Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Nunes Marques, e deve continuar com novas quebras de sigilo e possíveis prisões, à medida que mais provas são reunidas.
A Polícia Federal segue investigando o alcance do esquema e o possível envolvimento de outros agentes públicos. Segundo estimativas iniciais, mais de R$ 1 bilhão em recursos públicos podem ter sido desviados em contratos manipulados com recursos de emendas parlamentares.
com informações de O Tempo