A série de reportagens especiais do SeteLagoas.com.br com parlamentares do município, tem nesta terça-feira (5) Marcelo Pires Rodrigues como entrevistado. Mais conhecido como Marcelo Cooperseltta (PMN) ele já é vereador por dois mandatos consecutivos.
Nascido em Belo Horizonte em 31 de outubro de 1976, filho de Waldemar Sebastião Rodrigues e Cleuza Pires Rodrigues, veio para Sete Lagoas aos 9 anos de idade com sua família. Em 2005, Marcelo foi presidente da Cooperativa Setelagoana de Turismo e Transporte Alternativo (Cooperseltta) e posteriormente reeleito em seu segundo mandato em março de 2008. Neste mesmo ano foi vice presidente do Sindicato das Cooperativas de Minas Gerais (SINTRALMIG) e eleito vereador com 2.565 votos.
Cooperseltta é casado, pai de três filhos e membro da Igreja Evangélica Betel. Ele estudou Comunicação Social e atualmente cursa Direito.
1. Fale sobre as ações desenvolvidas durante o mandato (favor citar as 10 mais importantes).
Como todos sabem venho de família simples. Não tive berço de ouro e foi dando duro no transporte de passageiros, então “irregular”, que consegui chegar ao primeiro mandato como vereador e segundo consecutivo. Desde o início, trabalho para melhorar as condições da nossa classe e de todos os trabalhadores do nosso município. Neste mandato não foi diferente. Meu sonho, que ainda não se realizou, era de unificar a bilhetagem eletrônica em Sete Lagoas. Confiei na atual administração, mas infelizmente ainda não conseguimos esta conquista para o transporte público como um todo. Esta sem dúvidas foi a minha primeira ação enquanto reeleito.
Com o passar do tempo, novas demandas foram surgindo. Acredito que o fato de conseguir expor minha forma de lidar com as situações e encarar as adversidades fez com que a confiança e credibilidade que a população depositou em mim crescesse de maneira que nem eu poderia imaginar. Desta forma, pude interferir diretamente e de forma decisiva na situação dos jardineiros dos cemitérios Parque Santa Helena e Santa Luzia. Conduzi um fato histórico no município de Sete Lagoas ao aprovar, um projeto de minha autoria e com apoio total da população, o Decreto legislativo (coisa que nunca aconteceu em Sete Lagoas) que sustou o aumento absurdo do IPTU 2015 do nosso município. E lembro que ainda continuamos com esta luta através de um processo instaurado diretamente no Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais para impedir que este assalto ao bolso do sete-lagoano perpetue. Fui um dos poucos que enxergou o que estava por trás da nova reclassificação das tarifas de água e esgoto proposta pelo executivo.
Consegui apurar fraudes nas compras de brinquedos para a rede básica de educação sem contar que a abertura da CPI para averiguar a contratação de funcionários fantasmas no executivo também foi uma solicitação nossa. Por meio das audiências públicas, defendi o funcionalismo público, principalmente os agentes de endemias e saúde. É um absurdo estes profissionais não receberem o seu piso salarial, mesmo sabendo que o município recebe estas verbas.
Consegui, mais uma vez com o apoio da população, reprovar o projeto dos taxis, que previa o cancelamento de todas as permissões e certamente ia gerar um caos no tranporte de Sete Lagoas, levantar a discussão acerca dos depositos judiciais e das “tais” bolsas que serão oferecidas pela Faculdade Santo Agostinho. Graças a Deus, consegui ônibus para atender aos alunos dos bairros Dona Silvia e Jardim dos Pequis, que certamente ficariam desamparados caso nossa coragem e determinação fraquejacem frente a esta administração. Poderia citar várias outras situações que este mandato me proporcionou, mas para não cansar o nosso amigo leitor, me dou satisfeito por estas.
2. Quais foram seus maiores desafios? E suas conquistas?
Sem dúvidas meu maior desafio é conseguir realizar um bom trabalho estando em um partido que é declaradamente oposição à atual administração. Sabia que a decisão do partido em romper com a base do governo iria afetar diretamente meu posicionamento dentro da câmara e o diálogo com o poder executivo. Mas essa foi a decisão do partido e concordando com ela decidi enfrentar. Não foi e não está sendo fácil minha posição.
Ser oposição não se resume a apresentar os problemas da atual gestão e simplismente critica-los. Minha responsabilidade dobrou. Além de apontar o que esta errado é minha obrigação apresentar caminhos para resolve-los. Aí entram as minhas maiores conquistas.
Mesmo perdendo a minha permissão no transporte alternativo, mesmo respondendo a processos que não dei causa, mesmo sendo agredido verbalmente e já até ter sofrido ameaça de morte, consegui barrar projetos prejudiciais aos taxistas, aos jardineiros dos nossos cemitérios públicos, aos alunos das escolas municipais que iam ficar sem transporte, ao funcionalismo público, aos interessados em uma das bolsas de estudos na Faculdade Santo Agostinho, aos escolares, sem contar ao próprio municipio, que por causa desta administração tem se endividado com empréstimos de toda ordem, mas sempre com o meu voto contrário.
3. Sentiu algum tipo de perseguição por parte de autoridades?
Infelizmente perseguição foi o que eu mais sofri desde que o meu antigo partido, o PMN, rompeu com a base e se declarou oposição a esta adminstração. Perdi, através de um processo administrativo instaurado a mando do senhor prefeito minha linha de transporte alternativo, bairro JK/Prograsso, carro 79, que tinha desd 2002, totalmente legalizado e licitado; nenhum dos meus requerimentos são atendidos, o prefeito mandou derrubar o muro da Cooperseltta para me atingir, por diversas vezes fui e continuo sendo ofendido na minha personalidade pelo próprio prefeito no seu programa de rádio.
Minha briga não é pessoal. Aquilo que é certo deve ser aplaudido de pé. Agora, concordar com mandos e desmandos ou coronelismo, nem pensar. Essa não é e nunca será uma boa forma de administrar. Nesse governo não há espaço para o diálogo. Querem empurrar as coisas guela abaixo. Isso eu não concordo. Antes fosse somente o tapa na cara daquele reporter do CQC. Em 230 mil pessoas é demais.
4.Teve o nome envolvido em algum escândalo que se considera inocente?
Não. Graças a Deus pauto minha vida e minhas ações no bem. Carrego comigo defeitos e qualidades como qualquer um outro. Mas tenho família e três filhos que devo por obrigação respeitar e dar bons exemplos.
5.Antes de iniciar este mandato traçou metas? Conseguiu alcançar todas? O que impediu?
Sim. Várias. Principalmente, como já comentei, em relação à bilhetagem eletrônica. Em primeiro lugar, sempre quis e continuo querendo ser melhor neste mandato que no meu primeiro. Como de fato é o que acontece. Neste mandato estou mais corajoso, determinado, sem me importar com as críticas, mas claro, considerando-as.
Algumas das minhas ideias iniciais consegui alcançar. Outras ainda não. A mais feliz delas diz respeito ao Programa Sete Lagoas em Destaque, que eu apresento com muito carinho para o povo sete-lagoano na TV Centro Minas, canal 58 UHF e 2 Net. Mostrar o nosso trabalho não é fácil. Ver o que um vereador faz, em tempos de crise política e completo descredito político é chover no molhado. Contudo este programa, que tem dado muito certo e alcançado audiência surpreendente, além de divulgar o meu trabalho me ajuda a resolver os problemas da nossa cidade.
Não foram poucas as vezes que, através do nosso programa, conseguimos contribuir em alguma situação. São obras de recapeamento de vias, saneamento básico e até mesmo limpeza de áreas públicas. Parecem coisas simples, mas que no dia a dia fazem toda a diferença na vida dos meus telespectadores e na minha também. Aproveito para agradecer aos meus 30 mil ouvintes diários. Esse programa não estaria no ar se não fosse por vocês.
6. Se não for seu primeiro mandato- Quais mudanças sentiu de um para outro? Tem intenção de se candidatar novamente (para que cargo)?
A principal mudança deste para aquele mandato é relativa ao diálogo. Naquele havia proximidade entre o poder legislativo e o poder executivo. Todas as ações governamentais eram feitas a quatro mãos. Desta forma era muito mais fácil propor políticas públicas que atendecem de forma mais incisiva a população. Neste, dificilmente encontramos espaço para concenso.
Funciona mais ou menos assim: quem é base tem algumas vantagens, quem não é, não consegue nada. Mesmo com as nossas conquistas, é muito difícil ajudar o município no seu desenvolvimento com esta forma de fazer política. A verdade é que voltamos à epoca do coronelismo, da imposição. Este modelo de governo não é bom para ninguém. Todo mundo perde, principalmente a população. Os poderes são independentes entre si, mas devem ser harmonicos. É fato que um depende do outro.
Veja também as entrevistas dos vereadores (basta clicar no nome): Caramelo, Padre Décio, Carol Canabrava, Gilberto Doceiro e Milton Saraiva.
Por Cristiane Cândido com Ascom Marcelo Cooperseltta