O partido Republicanos anunciou ontem apoio à candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para a presidência do Senado. A legenda conta com três senadores e engrossa um grupo de mais dois partidos ao lado do mineiro. PSD e Pros já haviam anunciado apoio ao parlamentar, que é apontado como o candidato do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que deve, inclusive, integrar a chapa encabeçada pelo senador mineiro, que é líder do DEM na Casa.
“O Republicanos acredita que o senador Rodrigo Pacheco tem o preparo necessário para conduzir os trabalhos da Casa com coerência e determinação, e que, de forma conciliadora, saberá lidar com as demais instituições, sempre com respeito à Constituição Federal”, diz nota do partido assinada pelo senador Mecias de Jesus (Republicanos-MA).
Com o apoio declarado pelos três partidos, já são 17 senadores que dizem que votarão em Rodrigo Pacheco para presidente do Senado. O Democratas, partido do mineiro e de Alcolumbre, tem cinco nomes na Casa. A eleição para a presidência no biênio 2021-2023 será em 2 de fevereiro (terça-feira). Ainda não foram definidos outros candidatos para a disputa.
Como o Republicanos é o partido do senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, a avaliação no mundo político é que existe uma aprovação do Palácio do Planalto com Pacheco. Na véspera do Natal, o presidente do Senado levou Pacheco para um almoço com Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. O encontro serviu para demonstrar que o candidato terá uma ponte amigável com o governo.
Atualmente, o Republicanos tem três senadores, mas na eleição, em fevereiro, terá apenas dois: Flávio Bolsonaro e Mecias de Jesus. Ney Suassuna (PB) é suplente do senador Veneziano Vital do Rêgo (PB), que estava no PSB e vai se filiar ao MDB na próxima semana. Pacheco também tenta fechar uma aliança com a oposição, em especial com PT e PDT. Os partidos oposicionistas, porém, só devem anunciar uma decisão na semana que vem. Essas legendas também são cortejadas pelo MDB, a maior bancada da Casa, que ainda não definiu quem será o candidato.
O apoio do PT ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara empurra o partido a fechar uma aliança com Pacheco para o comando do Senado. O motivo alegado por integrantes da sigla é evitar que o MDB volte a ter o comando das duas casas do Legislativo, como ocorreu no fim do governo de Dilma Rousseff, quando houve o impeachment. Para tentar barrar uma aliança do DEM com o PT, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), tem conversado com senadores petistas.
MINAS
Na última segunda-feira, um grupo de senadores esteve em Belo Horizonte para reunião com o prefeito da capital, Alexandre Kalil (PSD), para discutir apoio do partido à candidatura de Pacheco ao Senado. Uma das contrapartidas do DEM discutidas seria a desistência de Pacheco de disputar o governo de Minas no ano que vem, já que Kalil é um dos prováveis candidatos à sucessão de Romeu Zema. Hora depois da reunião, o PSD anunciou o apoio a Pacheco. O partido tem 11 parlamentares. Um fator que pesou na decisão do PSD foi a participação do senador Antonio Anastasia (PSD-MG), vice-presidente do Senado, que mantém relação política com Pacheco e com Alexandre Kalil (PSD).
PT, PP, PL e PSC avaliam apoiar Rodrigo Pacheco. Ele já teve conversas preliminares com petistas, que, segundo apurou o G1, avaliaram apoiá-lo. Para os senadores do PT, Pacheco demonstra ter independência em relação ao governo Jair Bolsonaro e capacidade para conduzir o Senado em momentos de pressões políticas e populares. Além disso, os petistas têm resistência aos nomes de Simone Tebet, Bezerra e Eduardo Gomes, todos do MDB, e os dois últimos aliados de Bolsonaro. A tendência na bancada do PT é apoiar Pacheco. Em troca, os senadores petistas negociam uma vaga na Mesa Diretora do Senado e a presidência da Comissão de Assuntos Sociais.
”O Republicanos acredita que o senador Rodrigo Pacheco tem o preparo necessário para conduzir os trabalhos da Casa com coerência e determinação, e que, de forma conciliadora, saberá lidar com as demais instituições, sempre com respeito à Constituição Federal”
Mecias de Jesus (MA), líder do Republicanos no Senado
Rodrigo Pacheco, entretanto, deverá enfrentar forte concorrência do MDB, a maior legenda do Senado, com 13 parlamentares. O partido pretende recuperar o comando da Casa, que presidiu entre 2007 e 2018. O representante da legenda na disputa ainda não foi definido, mas os nomes mencionados nos bastidores são Eduardo Braga (AM), líder no Senado; Simone Tebet (MS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ); Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado; e Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso.
Outras siglas, como o Podemos, podem lançar candidatos próprios ou apoiar um nome do grupo batizado “Muda Senado”. Major Olimpio (PSL-SP), que faz parte desse grupo, já anunciou que vai participar da disputa. O “Muda Senado” pode, no entanto, lançar outro nome ou apoiar Simone Tebet (MDB-MS), que também conta com a Rede (dois integrantes). (Com agências)
Bolsonaro
Duas fontes na bancada do MDB confirmaram que Bolsonaro afirmou claramente para Bezerra que Pacheco era seu candidato na disputa do Senado. Bezerra tentou argumentar defendendo a regra da proporcionalidade, segundo a qual a maior bancada teria direito à presidência.
Além disso, Bezerra afirmou que a bancada do MDB vai aumentar no início da próxima semana –provavelmente com a filiação de Veneziano Vital do Rego (PSB-PB) e Rose de Freitas (Podemos-ES)– e que já há acerto com PSDB e Podemos. Bezerra afirmou que as contas do MDB, com mais senadores avulsos, indicam 37 votos. Bolsonaro teria apenas dito que não mudaria sua posição.
A decisão do presidente praticamente tira da disputa os dois líderes do governo, no Senado e no Congresso, respectivamente Bezerra e Eduardo Gomes (TO), que eram pré-candidatos do MDB.
Fontes afirmam que Bezerra já teria indicado a interlocutores que vai abdicar da pré-candidatura nos próximos dias.
Ganham força, por outro lado, os outros dois pré-candidatos, o líder da bancada, Eduardo Braga (MDB-AM); e a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Simone Tebet (MDB-MS), considerada mais independente.
Tebet tem grandes chances de receber os votos do movimento suprapartidário Muda Senado. Por outro lado, Braga é o único do MDB com entrada nos partidos de esquerda, como o PT.
A bancada petista, por sinal, deve passar por uma reviravolta nos próximos dias. O partido esteve muito perto de um acerto para apoiar Pacheco, após uma intermediação de Alcolumbre com o líder da sigla, Rogério Carvalho (PT-SE).
A pedido de Alcolumbre, a bancada chegou a antecipar para quinta-feira (7) uma reunião, na qual se esperava anunciar o apoio para Pacheco. No entanto, alguns senadores petistas, após serem contatados, decidiram se reunir também com Braga antes de tomar uma decisão.
Em encontro virtual na manhã desta sexta, Braga teria dito claramente aos petistas que estava claro que Pacheco era o candidato de Bolsonaro.
Agora, com a oficialização, o apoio a Pacheco se torna praticamente inviável. A bancada do PT vai se reunir na próxima segunda-feira (11) para decidir sua posição.
Sinais
Um dos sinais mais claros da aproximação do Planalto com Pacheco aconteceu também na manhã desta sexta, quando o Republicanos anunciou apoio ao senador mineiro. O Republicanos é o partido de Flávio Bolsonaro (RJ), filho mais velho do presidente da República.
“O líder da bancada do Republicanos no Senado Federal, senador Mecias de Jesus, após ouvir a bancada, declara apoio à candidatura do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para a presidência do Senado Federal”, informou nota da liderança da bancada.
“O Republicanos acredita que o senador Rodrigo Pacheco tem o preparo necessário para conduzir os trabalhos da Casa, com coerência e determinação e que, de forma conciliadora, saberá lidar com as demais instituições sempre com respeito a Constituição Federal”, completa o texto.
Desconsiderando possíveis traições, Pacheco conta agora com o apoio de quatro bancadas, que reúnem 22 senadores. São necessários 41 votos para vencer a disputa, caso todos os senadores compareçam para votar no dia 1º de fevereiro.
O apoio mais impactante ao longo da semana foi da bancada do PSD, segunda maior do Senado, com 11 senadores. Na terça-feira (5), após uma reunião na residência do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), foi fechado o acordo, depois ratificado em reunião virtual da bancada.
No dia seguinte, o PROS também aderiu à candidatura de Pacheco, assim como já havia feito o DEM, seu partido.
Da Redação com Agências