Agentes da Polícia Federal (PF) encontraram evidências comprometedoras nos telefones celulares de policiais rodoviários, revelando um possível esquema de manipulação eleitoral durante as eleições presidenciais de 2022. As imagens continham o mapeamento detalhado das cidades no Nordeste onde o então candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), obteve mais de 75% dos votos no primeiro turno, uma região que representa um importante reduto eleitoral para o político.
Os dados revelados pelas investigações sugerem que as operações de fiscalização e controle realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do segundo turno das eleições, em 30 de outubro de 2022, foram direcionadas estrategicamente para essas mesmas localidades. Essa descoberta levou à deflagração de uma operação policial conduzida pela PF, visando coletar mais informações sobre as suspeitas de intervenção indevida no processo eleitoral.
Nesta quarta-feira (9), a PF lançou a “Operação Constituição Cidadã”, que resultou na prisão por tempo indeterminado do ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques. O ex-diretor foi detido em sua residência em Florianópolis (SC) e será transferido para Brasília para prosseguir com as investigações.
A investigação revelou que a cúpula da PRF teria conduzido conversas sobre a implementação de um “policiamento direcionado” nas cidades do Nordeste onde Lula obteve uma expressiva votação no primeiro turno. Além de Silvinei Vasques, outros dirigentes da PRF que trabalharam sob sua liderança também foram alvos da operação.
Dentre os investigados estão:
- Wendel Benevides, ex-corregedor-geral;
- Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações;
- Luis Carlos Reischak, ex-diretor de Inteligência;
- Rodrigo Cardozo Hoppe ex-diretor de Inteligência Substituto;
- Anderson Frazão, ex-coordenador-geral de Gestão Operacional;
- Antonio Melo Schlichting Junior, ex-coordenador-geral de Combate ao Crime;
- Bruno Nonato, ex-PRF e hoje na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A operação da PF cumpre 10 mandados de busca e apreensão em diferentes estados, incluindo Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte.
A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e contou com a colaboração da Corregedoria-Geral da PRF. No total, 47 policiais rodoviários federais também foram convocados para depor.
A investigação aponta para um possível planejamento prévio das ações de fiscalização, que teriam tido início cerca de um mês antes das eleições. A PF alega que recursos humanos e materiais foram direcionados para dificultar a mobilidade dos eleitores no dia da votação, caracterizando possíveis crimes de prevaricação, violência política e obstrução do processo eleitoral.
A operação destaca o nome “Operação Constituição Cidadã“, em referência à Constituição de 1988, que garantiu pela primeira vez o direito ao voto a todos os cidadãos brasileiros, marcando um importante marco na história democrática do país.
Da redação
*Com informações do G1 e O Tempo