Em entrevista concedida à Globonews nesta quarta-feira (16), o recém-designado advogado do tenente-coronel Mauro Cid, Cezar Bitencourt, apresentou a defesa de seu cliente no caso das joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Bitencourt, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, não agiu por conta própria, mas sim em cumprimento a ordens superiores.
O advogado argumentou que, como assessor militar, Cid tinha a obrigação de seguir as diretrizes do chefe, destacando a rígida hierarquia militar que governa suas ações. “Na verdade, ele [Mauro Cid] é um militar, mas ele é um assessor. Assessor cumpre ordens do chefe. Assessor militar com muito mais razão. O civil pode até se desviar, mas o militar tem por formação essa obediência hierárquica. Então, alguém mandou, alguém determinou. Ele é só o assessor. Assessor faz o quê? Assessora, cumpre ordens”, afirmou Bitencourt.
O advogado ainda enfatizou a situação desconfortável enfrentada pela família de Mauro Cid diante das acusações, ressaltando que o pai do cliente, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, também está profundamente incomodado com os desdobramentos do caso.
Cid, apontado pela Polícia Federal como o intermediário na negociação das joias e presentes de alto valor recebidos por Bolsonaro durante seu mandato, vem sofrendo alegações de desvio de bens públicos. No entanto, Bitencourt defende que seu cliente é um “grande injustiçado” e que estava apenas seguindo ordens, sem tomar decisões independentes.
O general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid também está sob investigação no caso das joias. Ele é suspeito de ter negociado os presentes de luxo nos Estados Unidos, onde residia, e teria recebido os valores das transações em sua conta bancária, de acordo com a investigação da Polícia Federal.
A operação desencadeada pela PF na última sexta-feira (11) teve como alvo principal o general Mauro Lourena Cid, além de outros indivíduos próximos a Bolsonaro, como Osmar Crivelatti, tenente do Exército e assessor de Bolsonaro, e Frederick Wassef, advogado do ex-presidente.
As investigações se concentram na venda de joias e outros itens de alto valor que deveriam ter sido incorporados ao patrimônio da União, de acordo com a legislação brasileira. A Polícia Federal afirma ter provas de um esquema para desviar presentes recebidos por Bolsonaro durante seu mandato, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, considerou o grupo envolvido como uma organização criminosa.
Bolsonaro admitiu ter ficado com as joias, mas justificou sua decisão como uma maneira de evitar que seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, obtivesse os itens ao assumir a presidência. A defesa de Bolsonaro negou qualquer apropriação indevida de bens públicos e afirmou que o ex-presidente voluntariamente solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) a guarda dos presentes.
A investigação da PF prossegue em busca de outros possíveis itens desviados, e a controvérsia em torno das joias recebidas por Bolsonaro continua a capturar a atenção da opinião pública e da mídia.
Da redação
*Com informações da Globonews