Em relatório da Polícia Federal, publicados pelo portal UOL nesta quarta-feira (23), a corporação aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era a fonte de ‘fake news’ e ataques contra o Judiciário, vacinas da Covid-19 e mentiras sobre as urnas eletrônicas. O político enviava as mensagens para para Meyer Nigri, fundador da construtora Tecnisa, que repassava para outros empresários.
Uma das mensagens enviadas pelo então presidente da República cita “sangue” e “guerra civil” no caso de derrota nas eleições do ano passado. Bolsonaro foi intimado pela Polícia Federal para prestar depoimento sobre o assunto após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ter prorrogado a investigação.
As mensagens foram encontradas no celular de Meyer Nigri, que foi alvo de busca e apreensão em agosto do ano passado pela Polícia Federal. Ele entrou na mira da PF após uma reportagem do site “Metrópoles”, naquele mês, mostrar o envio de mensagens de teor golpista a um grupo de empresários.
‘Guerra civil’
Nos relatórios produzidos pela investigação, a PF apresentou detalhes sobre duas mensagens encaminhadas por Bolsonaro que abordavam uma possível “guerra civil” contra o resultado das eleições. Esse estímulo feito no ano passado, na avaliação de investigadores, pode também vincular o ex-presidente aos atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Uma das mensagens é de 21 de junho de 2022, com teor claramente golpista. De acordo com a PF, Bolsonaro enviou a Meyer Nigri um vídeo no qual, inicialmente, o ministro Alexandre de Moraes atesta a confiabilidade da urna eletrônica. Em seguida, uma pessoa desconhecida relata um suposto “esquema para fraudar as eleições”.
A PF reproduziu uma imagem do vídeo, que contém a seguinte frase, com letras em caixa alta e caixa baixa: “A ESTRATÉGIA, O PODER, A QUALQUER CUSTO. O POVO TÁ ESPERTO. Compartilhem. PF precisa ver isso. TEREMOS SANGUE!!! GUERRA CIVIL”. O então presidente da República encerrou o diálogo com a seguinte frase: “Eis o enredo das eleições 2022. Você confia nos 3 min do TSE/STF?”.
A PF identificou que o empresário Meyer Nigri encaminhou o vídeo e a frase para dois grupos de WhatsApp, além de contatos em privado.
Meses depois, no dia 8 de agosto de 2022, Bolsonaro encaminhou a Meyer Nigri um texto que circulava nas redes com o seguinte título: “O STF será o responsável por uma guerra civil no Brasil”. O documento continha uma série de informações falsas sobre o STF e as eleições. O empresário também encaminhou o texto para seus contatos.
Procurado pelo portal UOL, o advogado Marcelo Bessa, que defende Jair Bolsonaro neste caso, afirmou que não iria se manifestar sobre a investigação.
Em nota, o advogado Alberto Toron, que defende Meyer Nigri, afirmou que ele “jamais foi disseminador de notícias falsas, mas apenas, de forma eventual e particular, encaminhou mensagens de terceiros no aplicativo WhatsApp para fomentar o legítimo debate de ideias. Inclusive, sequer possui contas em redes sociais como Twitter, Facebook, Instagram, nem em qualquer outra plataforma de disseminação em massa. Por fim, com serenidade e respeito, reforça confiar na Justiça e ter plena certeza de que ficará devidamente demonstrado que não praticou crime algum”.
Da redação com UOL