Uma recente descoberta da Polícia Federal revelou que um membro da equipe de segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava envolvido em um grupo de WhatsApp composto por militares ativos que defendiam a ideia de um golpe de Estado. O tenente-coronel André Luis Cruz Correira, que chegou a acompanhar o presidente em viagens oficiais, estava no grupo que também fazia ameaças ao ministro Alexandre de Moraes.
A descoberta aconteceu após a apreensão do celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. As investigações da Polícia Federal revelaram a participação de Correira no grupo, juntamente com outros membros, incluindo Mauro Cid. A suspeita havia sido antecipada pelo jornalista Cesar Tralli na GloboNews.
Após a confirmação dessa informação, a Polícia Federal comunicou o Palácio do Planalto, que ordenou a exoneração de Correira. Este último era subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e desempenhava um papel direto na segurança de Lula, inclusive o acompanhando em viagens internacionais.
A revelação da participação de Correira no grupo de WhatsApp com tendências golpistas gerou tensões nos bastidores entre a Polícia Federal e o GSI. A Polícia Federal vem defendendo há algum tempo que a segurança presidencial seja de sua responsabilidade. No entanto, para evitar conflitos com os militares, Lula havia optado por um modelo de segurança híbrido, envolvendo também o GSI.
Enquanto o GSI encara o incidente envolvendo Correira como mais um capítulo da disputa em curso, membros do gabinete argumentam que o tenente-coronel não deveria ser julgado apenas por sua associação ao grupo, sem provas de interações ou participação ativa em suas conversas.
Investigadores da Polícia Federal estão surpresos com mais um episódio de desconfiança ligado ao GSI, que já teve membros relacionados aos ataques de 8 de janeiro. Além disso, a presença de Mauro Cid no email de ordens da Presidência também voltou a ser tema de discussão, uma vez que não ficou claro até o momento de quem era a responsabilidade por sua inclusão.
Na avaliação da Polícia Federal, o fato de um membro da equipe de segurança do presidente estar envolvido em um grupo com o propósito de promover um golpe de Estado é algo grave e preocupante, dada a natureza sensível de sua função.
Há informações de que o coronel Correira teria solicitado assistência a Mauro Cid para transferência da Bahia para Brasília, pedido que teria sido atendido. Fontes do GSI, no entanto, argumentam que não se tratou de um pedido de ajuda, mas sim de uma consulta sobre vagas na capital federal. Isso ocorreu após os eventos golpistas de 8 de janeiro.
A saída de Correira da segurança presidencial foi confirmada pelo ministro do GSI, general Marcos Antonio Amaro dos Santos. Ele destacou que se trata de uma exoneração, não de uma demissão. O general afirmou desconhecer um relatório da Polícia Federal que indique a presença de Correira em um grupo golpista. Sobre o relatório, Amaro afirmou não ter conhecimento e negou que Cid tivesse a capacidade de influenciar a entrada de Correira no GSI.
Amaro revelou também que o GSI está planejando uma reestruturação interna, cujos detalhes devem ser divulgados na próxima semana.
Da redação
*Fonte: G1